ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 05-6-2002.

 

 


Aos cinco dias do mês de junho do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Nereu D'Avila, Paulo Brum, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Zé Valdir. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Luiz Braz, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Valdir Caetano e Elias Vidal. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Quadragésima Primeira e Quadragésima Segunda Sessões Ordinárias e da Ata Declaratória da Quadragésima Terceira Sessão Ordinária, que foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Projeto de Lei do Legislativo n° 122/02 (Processo n° 2002/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, 09 Pedidos de Providências e o Projeto de Lei do Legislativo n° 124/02 (Processo n° 2012/02); pelo Vereador Juarez Pinheiro, o Projeto de Resolução n° 072/02 (Processo n° 1743/02); pelo Vereador Luiz Braz, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Legislativo n° 120/02 (Processo n° 1965/02). Também, foi apregoado Requerimento de autoria da Vereadora Maria Celeste, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a retirada de tramitação do Projeto de Lei do Legislativo n° 067/02 (Processo n° 1279/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 350 e 358/02, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 012/02, do Senhor Carlos Fernando Aragonez de Vasconcellos, Presidente do Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre - SINDICÂMARA; 016/02, do Senhor José Menezes Neto, Diretor do Ministério da Previdência e Assistência Social. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Maira Caleffi, Presidenta do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, que discorreu a respeito das atividades realizadas por esse instituto no sentido de prevenir e combater o câncer de mama, discursando sobre as características dessa enfermidade e comentando dados sobre o número de casos ocorridos no Estado. Também, destacou a importância do engajamento da comunidade e do Poder Público, no intuito de desenvolver um trabalho profilático nessa área. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Reginaldo Pujol, Pedro Américo Leal, Maria Celeste, Raul Carrion e Ervino Besson manifestaram-se sobre o assunto tratado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e quarenta minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas e quarenta e um minutos, constatada a existência de quórum e, após, e foi aprovado Requerimento da Vereadora Clênia Maranhão, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Antonio Augusto Bernd, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo n°s 070/02, discutido pelo Vereador João Antonio Dib, 113/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Reginaldo Pujol e Luiz Braz, 114/02, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Adeli Sell e Zé Valdir, e 116/02. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das professoras Maria Elena Tubelo Oliveira e Marlene de Lemos Gomes, da Escola Estadual Araguaia, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial da Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Antonio Dib discorreu sobre as relações estabelecidas entre os Poderes Executivo e Legislativo no âmbito municipal, analisando criticamente a aprovação de Projeto de Lei de iniciativa da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, destinado a promover a criação de cargos públicos para a área de saúde do Município. Também, posicionou-se contrariamente à utilização do sistema de cartas-contrato para a admissão de funcionários para exercerem atividades no sistema público municipal de saúde. O Vereador Nereu D'Avila manifestou-se sobre o processo de votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo n° 1574/02), de autoria do Vereador Haroldo de Souza, que autoriza a abertura do comércio aos domingos e feriados no Município, informando decisão firmada pelo Partido Democrático Trabalhista - PDT, no sentido de votar contrariamente à matéria. Em relação ao assunto, manifestou-se sobre a postura política assumida pelo Vereador Isaac Ainhorn, favorável à aprovação dessa proposta. O Vereador Antonio Bernd externou a satisfação de Sua Excelência em participar da presente Sessão, referindo-se às comemorações promovidas pela Câmara Municipal de Porto Alegre, no ano de dois mil e um, alusivas ao transcurso dos setenta anos de fundação do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS, tecendo considerações sobre as condições financeiras da referida instituição e propugnando pela mobilização da sociedade e do Poder Público em prol da manutenção desse instituto. O Vereador Luiz Braz discursou sobre os princípios político-partidários que orientam o Partido da Frente Liberal - PFL, especialmente no que tange à questão da abertura do comércio aos domingos e feriados. Nesse sentido, justificou os motivos que levaram Sua Excelência a não participar da votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, ocorrida durante a Terceira Sessão Extraordinária, afirmando o propósito de votar favoravelmente aos interesses da classe trabalhadora. O Vereador Paulo Brum referiu-se a repasse de verbas realizado pelo Ministério da Saúde para a Secretaria Municipal de Saúde, no valor de vinte e oito milhões e seiscentos mil reais, destinado a financiar cirurgias, internações e atendimentos médicos prestados pelo Sistema Único de Saúde. Também, mencionou reivindicações apresentadas por familiares de pessoas portadores de necessidades especiais junto ao Programa de Orçamento Participativo, as quais não foram atendidas. O Vereador Raul Carrion, registrando a presença de representantes de diversos Sindicatos de Comerciários do Estado, reportou-se ao Projeto de Lei do Legislativo nº 089/02 (Processo nº 1574/02), de autoria do Vereador Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados em Porto Alegre, manifestando sua contrariedade a essa proposta e comentando os potenciais efeitos que a aprovação desse Projeto acarretará para a sociedade porto-alegrense. O Vereador Marcelo Danéris discorreu sobre os serviços prestados pelo Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul - IPERGS e sobre a contratação de funcionários para exercerem atividades no sistema público de saúde do Município. Também, externou suas impressões acerca do Projeto de Lei do Legislativo nº 089/02 (Processo nº 1574/02), de autoria do Vereador Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados em Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de quórum foi iniciada a ORDEM DO DIA, dando-se continuidade à apreciação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, iniciado durante a Quadragésima Segunda Sessão Ordinária. Na ocasião, o Vereador Reginaldo Pujol formulou Questão de Ordem e manifestou-se sobre a tramitação do artigo 4º do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo nº 1574/02). Às dezesseis horas e três minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dezesseis horas e quinze minutos, constatada a existência de quórum e, após, foi aprovado Requerimento do Vereador Antonio Hohlfeldt, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Cláudio Sebenelo, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. A seguir, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores Juarez Pinheiro e João Antonio Dib, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre o processo de votação do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02 (Processo n° 1574/02). Em Votação, foi rejeitado o artigo 3° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por doze votos SIM, dezesseis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, em votação nominal solicitada pelo Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano e Elias Vidal, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Cassiá Carpes, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Zé Valdir e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Antonio Augusto Bernd e Dr. Goulart. Foi votado destacadamente e rejeitado o artigo 4° do Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por treze votos SIM e dezenove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Sofia Cavedon, João Antonio Dib, Raul Carrion, Reginaldo Pujol, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo e Antonio Augusto Bernd, em votação nominal solicitada pelo Vereador Marcelo Danéris, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano, Cláudio Sebenelo e Elias Vidal e Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Dr. Goulart, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Zé Valdir e Antonio Augusto Bernd. A seguir, face Questões de Ordem e manifestações formuladas pelos Vereadores João Antonio Dib, Juarez Pinheiro e Elói Guimarães, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre a apreciação da Emenda nº 01, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 089/02, declarando a matéria prejudicada, face à rejeição do artigo 2º do referido Projeto, ocorrida na Terceira Sessão Extraordinária, realizada nos dias vinte e nove e trinta de maio do corrente. Em Votação, foi rejeitada a Emenda n° 03, aposta ao Projeto de Lei do Legislativo n° 089/02, por quatorze votos SIM, dezesseis votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, em votação nominal solicitada pelo Vereador José Fortunati, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto Moesch, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Valdir Caetano, Cláudio Sebenelo e Elias Vidal, Não os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Alberto Garcia, Cassiá Carpes, Estilac Xavier, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Marcelo Danéris, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Raul Carrion, Sebastião Melo, Sofia Cavedon, Zé Valdir e Antonio Augusto Bernd e tendo optado pela Abstenção os Vereadores Dr. Goulart e Ervino Besson. Em Discussão Geral, 2ª Sessão, esteve o Projeto de Emenda à Lei Orgânica n° 006/00, o qual foi discutido pelos Vereadores Sofia Cavedon, Maria Celeste, Cláudio Sebenelo, Maristela Maffei e João Antonio Dib. Durante a apreciação do Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 006/00, os Vereadores Aldacir Oliboni e Pedro Américo Leal cederam seus tempos de discussão, respectivamente aos Vereadores Sofia Cavedon e João Antonio Dib. Às dezessete horas e trinta e oito minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada pela Vereadora Sofia Cavedon, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Carlos Alberto Garcia e Paulo Brum e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1° Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

A Sr.ª Maira Caleffi, representando o Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

A SRA. MAIRA CALEFFI: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores e público aqui presente. Sinto-me muito honrada em vir a esta tribuna para falar de um assunto de extrema atualidade, cuja importância demanda a atenção dos Senhores e, mais do que tudo, ação.

Venho falar sobre câncer de mama, uma doença considerada pela maioria dos países um problema de saúde pública, pela sua alta incidência, mas, para nós, brasileiros, gaúchos e porto-alegrenses, é o câncer que mais mata a mulher no Rio Grande do Sul, e é a doença que mais mata as mulheres que têm idade até cinqüenta anos em Porto Alegre.

Peço licença para falar sob três perspectivas: a primeira, como uma médica que sou, mastologista, cirurgiã, especialista, que atua há vinte anos na área de mastologia e pesquisa do câncer; como voluntária do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul; falo também sob a perspectiva de um ângulo mais feminino.

O câncer de mama é uma doença curável, e há muitas pessoas que não sabem disso. Para tanto, precisamos diagnosticá-la ainda em fase inicial. Os tumores têm de ser bem pequenos, ainda restritos à mama. Esses são os tumores curáveis. No Rio Grande do Sul, menos de 20% dos casos de câncer de mama são tratados em fase curável, sendo que o restante recebe formas de tratamento como a cirurgia, radioterapia, medicamentos, com o objetivo somente de prolongar a vida, mas sem qualquer condição de cura. A morte pela doença atinge quase 50% das mulheres, hoje em dia, aqui em Porto Alegre. Graças a campanhas de conscientização e facilitação do acesso ao diagnóstico e tratamento, mais de 90% dos casos diagnosticados nos Estados Unidos já são curáveis, e eu falei, há pouco, que, aqui, o percentual é menor que 20%. Vale dizer que isso não é só um problema das mulheres, para cada cem casos, em mulheres, um é masculino. Existe câncer de mama em homem e o diagnóstico geralmente é tardio por falta de conhecimento. O número de casos no Rio Grande do Sul é cada vez maior, e isso está relacionado com os nossos hábitos, com a nossa genética, com a dieta, com a obesidade, com o uso abusivo de hormônios, poluição, maior expectativa de vida, fatores esses que favorecem o desenvolvimento de mutações, alterações em células mamárias. O aumento da incidência é mundial, mas o nosso problema aqui em Porto Alegre é que é inaceitável que o número de mortes continue do jeito que está, só porque a mulher procura tarde os recursos. Será que ela desconhece o problema? Ou será que ela não consegue tratamento? A resposta para esta pergunta é pelos dois motivos, é hora de intervir em grupo e com força.

Na condição agora de fundadora e Presidente do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, com sede aqui em Porto Alegre, venho lhes contar o que a sociedade desta Cidade, consciente do seu papel, vem fazendo nesses quase nove anos de atividade voluntária. O Instituto da Mama é uma OSCIP. OSCIP é o novo termo que o Governo escolheu para chamar as ONGs. OSCIP quer dizer Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, regulamentada pelo Ministério da Justiça, e a nossa missão no Instituto da Mama é promover, manter e restabelecer a saúde da mama. Estamos falando aqui do Instituto da Mama e não do Instituto do Câncer da Mama; a nossa proposta é que, cada vez mais, as mulheres fiquem com mamas saudáveis. Todo o trabalho da Instituição é feito por voluntários treinados, técnicos e leigos, que, por intermédio de oficinas de auto-exame em todos os tipos de associações, escolas, empresas, feiras, fazem um programa de treinamento, banco de horas de profissionais, e se empenham na conscientização do diagnóstico precoce. Eu já falei no início que o diagnóstico precoce é a nossa única arma na cura do câncer de mama.

Venho, em nome de todos os voluntários, simpatizantes do Instituto da Mama, solicitar, oficialmente, Sr. Presidente, o apoio de todos aqui presentes, ilustres Vereadores desta Casa, para desenvolvermos um trabalho em conjunto e fazermos com que o Instituto da Mama, já tão respeitado e referência para muitas mulheres, homens e famílias, que estão passando pelo problema do câncer de mama, possa ser uma porta de acesso para que façamos encaminhamentos para o Sistema Único de Saúde. Gostaríamos de ser vistos como parceiros e sermos porta de acesso. O que seria isso? Seria muito interessante que, para toda a população, fizéssemos um trabalho junto aos postos de saúde do Município, com treinamento de pessoal para a importância do auto-exame, e que pudéssemos encaminhar as pacientes que nos procuram já com o diagnóstico, que, muitas vezes, precisam ainda enfrentar filas e precisam também de exames que o Sistema não dispõe.

Todo o nosso corpo técnico composto de profissionais voluntários coloca-se à disposição desta Casa, para, juntos, elaborarmos projetos que atendam à demanda. Graças a campanhas junto à sociedade, teremos em breve um “mamamóvel”, um mamógrafo sobre rodas que poderá atender as pacientes e facilitar o acesso ao exame, que é a mamografia, para pessoas sem seguro de saúde, pois a rede já não atende à demanda. Muitos tipos de exames não existem ainda pelo SUS, a não ser em grandes hospitais, onde a fila de espera é de sessenta dias para a consulta. Estamos buscando uma parceria formal para traçarmos um plano de ação com propostas de atuação a curto prazo, talvez a formação de uma comissão para estudar e encontrar soluções para o problema. Existe a vontade, a disponibilidade de nossa parte. Precisamos trabalhar na área da educação e da saúde com vistas à prevenção.

Por fim, representando todas as mulheres que, por morarem em Porto Alegre, têm o maior risco do País de desenvolver câncer de mama – só por morarem aqui - e que não aceitam que, por falta de acesso à informação ou condição financeira, tenham de ter suas mamas mutiladas e ainda morrer, porque o diagnóstico foi feito em fase tardia, é preciso que seja dito, mais uma vez: o câncer de mama já tem cura e não é preciso mutilar. Nós precisamos nos mobilizar para diminuir a mortalidade dessa doença em nossas mulheres. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Convidamos a Dr.ª Maira Caleffi, Presidenta do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, a compor a Mesa para que possamos ouvir o pronunciamento das Bancadas.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero saudar a Dr.ª Maira Caleffi, Presidenta do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul, que nos traz aqui essas informações que não eram por nós de todo desconhecidas, dada a relevância do trabalho que é realizado pelo Instituto, que, inclusive, pretende ser mais amplo, com a tentativa que vem fazendo, desde o dia 20 de março, junto à Secretaria da Saúde, ao Dr. Joaquim Kliemann, no sentido de se transformar como porta de entrada para o Sistema Único de Saúde – SUS -, uma vez que essa Secretaria é gestora plena do SUS e tem condição de credenciar o nosso Instituto da Mama para essa condição. Isso permitiria que fossem feitos, com presteza, atendimentos a pessoas carentes, sem condições de buscar socorro em outra fontes que não aquela do serviço público e de entidades meritórias como essa que é o Instituto da Mama.

Ao mesmo tempo em que saúdo V. S.ª pela presença entre nós e lhe agradeço pela gentileza de vir nos trazer informações elucidativas, gostaria de registrar que nós, do Partido da Frente Liberal, estamos absolutamente solidários com essa pretensão do Instituto da Mama e estamos dispostos, se for necessário, a fazer uma comissão, no sentido de apoiar essa iniciativa de sensibilizar o Município, a Secretaria da Saúde, o Prefeito Municipal, para que ocorra esse credenciamento e essa transformação do Instituto no portal de entrada para tratamento dos portadores dessa doença que ceifa vidas. Volto a repetir: se isso for necessário, o PFL estará inteiramente à disposição da Casa e do Instituto para que, obviamente, isso venha a ocorrer de forma positiva. Seja bem-vinda, Dr.ª Maira. Muito obrigado pela sua presença.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós recebemos a Dr.ª Maira Caleffi, na Câmara Municipal, não só como ex-Presidente da Comissão de Saúde, mas como membro da Comissão de Saúde há nove anos, nós sabemos da missão que ela desempenha. Este lema: “A mulher chegou tarde” é algo de expressivo, isso tem uma força de estímulo a que a mulher procure a prevenção, assim como o homem também, no caso do câncer da próstata.

V. S.ª vem aqui clamando pelo diagnóstico precoce, por esse exame mamográfico, e vem-nos pedir que nós apadrinhemos, que sirvamos de arautos para que o Secretário de Saúde, que é um homem que guarda conosco, da Comissão de Saúde, a mais perfeita sintonia, o Dr. Joaquim Kliemann não é do nosso Partido, mas é um cavalheiro. Então, nós nos colocamos à sua disposição para, de agora em diante, fazer todos os contatos, como homem da Comissão de Saúde há nove anos, para viabilizar isso, porque estou vendo aqui que o Rio Grande do Sul apresenta o maior índice de câncer de mama. Isso me apavora, não sei se o câncer de próstata também leva esse diagnóstico de ser o de maior incidência no Rio Grande do Sul, mas V. S.ª pode ter certeza de que, a partir de agora, poderá contar com o nosso concurso, como membro da Comissão de Saúde. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

 A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dr.ª Maira Caleffi, é com grande alegria e satisfação que a Bancada do Partido dos Trabalhadores a recebe aqui para falar de um assunto de extrema relevância, que é a questão do câncer de mama nas mulheres gaúchas e mulheres de Porto Alegre. O que a senhora nos traz é uma informação importantíssima. Pode contar certamente com o apoio da Bancada dos Trabalhadores.

Os postos de saúde do Município têm essa preocupação, assim como já foi levantada pelo Secretário de Saúde. Regularmente, são feitos exames nos postos, as mulheres têm acesso a esse serviço. Talvez falte uma integração maior, uma parceria maior como a senhora colocou na sua fala. Nós estamos aqui dispostos a contribuir, com certeza, numa importante campanha, que é a campanha da informação. Acho que esta Casa tem um papel fundamental, não apenas no sentido de se solidarizar com essa campanha, mas também no sentido de, talvez, promover ações de informações às mulheres da nossa Cidade, como a que o Ver. Pedro Américo Leal falou em relação à Comissão de Saúde. Acredito ser importantíssimo que, a partir do auto-exame mensal e regular, as mulheres possam estar procurando o acesso ao serviço.

Mais uma vez quero parabenizar a iniciativa desse importante trabalho que repercute em todas nós da cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dr.ª Maira Caleffi, que está presente hoje, trazendo informações, esclarecimentos para esta Casa e para Porto Alegre, pois, através da TV Câmara, os cidadãos e as cidadãs de Porto Alegre podem estar tomando conhecimento dessas informações.

Nós conhecemos o trabalho do Instituto de Mama do Rio Grande do Sul, não só no sentido pleno do esclarecimento, mas no sentido do trabalho das voluntárias na realização do exame da mama, do trabalho de assistência social, de auxílio social, do trabalho de apoio psicológico para as pessoas que detêm essa doença, da fisioterapia reabilitadora. Então, é um trabalho que se desdobra num leque muito amplo de grande significado e que substitui, em parte, tarefas que até seriam do Estado.

Nós vemos as dificuldades pelas quais passa a saúde do nosso País, vemos a importância desse seu trabalho e de todos os que compõem o Instituto da Mama. Por isso, o nosso apoio, a nossa solidariedade e a certeza de que a sua vinda realmente contribui para que mais mulheres possam, primeiro, evitar a doença - porque o câncer pode ser detectado numa etapa bem inicial, de mais fácil cura – ou, em segundo lugar, evitar a mutilação de mulheres, como bem a senhora esclareceu.

Um grande abraço em nome do Partido Comunista do Brasil. Estamos sempre à disposição para contribuir no que seja possível. Parabéns. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, cara Dr.ª Maira Caleffi, Presidenta do Instituto de Mama do Rio Grande do Sul, em nome da Bancada do PDT, nós queremos saudá-la com muito carinho. Quando Deus criou o mundo, criou esse extraordinário ser, a mulher, que gera a vida. E a mulher tem essa parte tão sagrada, que é o seio, que alimenta os bebês, e nós sabemos que, quando a criança é alimentada pelo seio da mãe, o seu desenvolvimento se dá de forma muito especial, pois evita uma série de doenças. Portanto, Dr.ª, nós queremos nos juntar à sua luta – eu sou membro da Comissão de Saúde desta Casa -, e também com a Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa e a Secretaria de Saúde do Estado e do Município, para que essa luta siga adiante. Sabemos que a prevenção é importante, e a senhora faz um belo trabalho! Que Deus lhe dê muita paz, muita saúde, que a senhora continue esse trabalho! Nós estamos juntos nessa luta! Parabéns! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Cara Dr.ª Maira Caleffi, quero, em nome dos trinta e três Vereadores e Vereadoras desta Casa, dizer do nosso reconhecimento pelo seu trabalho e por todo o trabalho voluntário realizado por especialistas abnegados que, no dia-a-dia, levam adiante o trabalho do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul. É um trabalho da maior relevância, que certamente encontrará, por parte desta Casa, todo o respaldo necessário para que possa não somente ser incentivado – porque hoje a sociedade porto-alegrense o incentiva -, mas, mais do que isso, para que possamos buscar os caminhos mais adequados para potencializar ainda mais esse belíssimo trabalho.

É assustador o índice que aponta que Porto Alegre tem hoje o maior percentual de câncer de mama nas suas mulheres. Uma Cidade de primeiríssimo mundo, que tem a melhor qualidade de vida do País, mas que tem contradições muito fortes, especialmente nessa área. Por isso, o trabalho do Instituto deve ser visto com muito regozijo, com muita esperança, para que coletivamente nós possamos educar, dar as informações adequadas, e também o tratamento, em tempo, para que as nossas mulheres possam fazer o tratamento adequado.

Agradecemos mais uma vez a presença da Dr.ª Maira Caleffi, Presidenta do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul. (Palmas.)

Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h40min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum – às 14h41min): Estão reabertos os trabalhos. A Ver.ª Clênia Maranhão solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia 05 de junho de 2002.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença da Ver.ª Clênia Maranhão, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1330/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/02, de autoria do Ver. Ervino Besson, que institui a Taxa de Limpeza para a realização de shows e espetáculos nos equipamentos públicos do Município. Com Substitutivo nº 01.

 

PROC. 1883/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 113/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que autoriza o Executivo Municipal, através da Secretaria Municipal de Saúde, a complementar o repasse da diária paga pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ao Hospital Espírita de Porto Alegre.

 

PROC. 1913/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 114/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que assegura espaço para exposição e comercialização de artesanato, artes plásticas e culinária nas feiras-modelo do Município de Porto Alegre.

 

PROC. 1935/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 116/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Graúna um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Ordem do Dia de hoje tem cento e cinco Projetos para serem votados. É claro que vamos votar um deles, que é o da abertura, ou não, do comércio aos domingos, e já sabemos até o resultado. É claro que não vamos votar o Projeto de Resolução que torna sem efeito os decretos do Prefeito que abandonou a Cidade, mas que, antes de abandoná-la, aumentou a água em 18%, e alguns serviços do DMAE em até 1.096%, o que é um dado impressionante. Mas, a Pauta, hoje, tem quatro Projetos: primeiro, o de autoria do Ver. Ervino Besson, que quer cobrar taxa de limpeza para a realização de shows e espetáculos nos equipamentos públicos do Município. Nos equipamentos do Município. O Município deve cuidar da sua limpeza, tenho absoluta convicção. Até porque já estamos ameaçados, pelo Prefeito João Acir Verle, de mandar um novo Projeto de Lei aumentando a taxa de lixo e o IPTU. Então, não vejo razão para esse Projeto de Lei. Eu já dispensava e não engrossaria os cento e cinco que já existem.

O Ver. Dr. Goulart quer autorizar o Executivo Municipal a ajudar o Hospital Espírita. Também acho dispensável esse Projeto de Lei. O Secretário da Saúde, que está sempre aqui quando precisa criar cargos, e até não usa os cargos depois de criados, tinha de saber que o Hospital Espírita tem de receber assistência do Município de Porto Alegre. O caminho do Vereador, pela sua sensibilidade de médico, pelo seu conhecimento de médico não é o melhor caminho, não é por Projeto de Lei. O Secretário da Saúde está aí para cuidar da saúde dos munícipes e uma das formas de cuidar é cuidando dos hospitais da Cidade. Não cuida do Hospital da Associação dos Funcionários Municipais, então a Saúde só cuida de colocar dinheiro nos bancos, no sistema de aplicação financeira, 150, 160 milhões de reais, enquanto isso não temos remédios nos ambulatórios e nós estamos fazendo projetos de lei. Não se pode fazer um projeto de lei dizendo que todos têm de ter vergonha na cara.

O Ver. Aldacir Oliboni quer assegurar espaço para exposição e comercialização de artesanato, artes plásticas e culinária nas feiras-modelo do Município de Porto Alegre. Não é preciso essa lei; basta que o Secretário Municipal de Indústria e Comércio se conscientize de suas responsabilidades, não se afaste delas, esqueça os camelôs, os ambulantes, que são, todos eles, protegidos. Se ele esquecer isso aí - ele vai saber que é obrigação dele fazer isso -, nós não precisamos gastar o dinheiro do povo fazendo uma lei que depois nem vai ser cumprida. Então, se o Secretário Municipal de Indústria e Comércio for, como no passado aconteceu com o Ver. Reginaldo Pujol, que era Secretário Municipal de Indústria e Comércio e o Prefeito Guilherme Sociais Villela, o grande Prefeito Guilherme Socias Villela, que, sem lei, sem nada, fizeram o Brique da Redenção, porque havia essa necessidade na Cidade, porque o Secretário de Indústria e Comércio estava voltado para os problemas da Cidade. O atual parece estar voltado para criar problemas para a Cidade, então tem de fazer Projetos de Lei. Porém, lei não resolve todos os problemas, se fosse assim, nós teríamos empregos para todos: poderíamos fazer uma lei dizendo que todo brasileiro tenha de ser empregado.

O que nós temos é muita lei, neste País, que não é respeitada. A Constituição Brasileira, que é a mãe de todas as leis brasileiras, diz que o salário mínimo sustenta quatro pessoas com habitação, transporte, alimentação, saúde, educação e até lazer, e mais, provavelmente, com um dinheiro na poupança. Esse é o salário mínimo de lei da Constituição, da Lei Maior do País. Então não adianta fazer leis; é preciso de pessoas que saibam que têm de cumprir com seu dever, que é o que está faltando.

O Secretário da Indústria e Comércio sabe o que tem de fazer, o Secretário da Saúde sabe o que tem de fazer, o Secretário da Administração sabe o que tem de fazer, o Prefeito João Acir Verle também sabe o que tem de fazer, mas não estão fazendo, e é por isso que eu digo: chega de leis! Vamos ao cumprimento do dever e ao cumprimento das leis que já existem. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, cidadãs e cidadãos de Porto Alegre, uma saudação especial às comerciárias e aos comerciários que participam desta Sessão, nesta quarta-feira. Eu quero comentar, rapidamente, o Projeto de Lei do meu colega de Bancada, Ver. Aldacir Oliboni, que trata da questão de agregar o artesanato e atividades gastronômicas às nossas feiras. De fato, Ver. Aldacir Oliboni, talvez nem fosse necessário um Projeto de Lei, mas é bom que nós consignemos em lei um modelo de feira, e, na minha opinião, nós temos carências, temos dívidas com a Cidade e, nesta semana, coincidentemente, Ver. Aldacir Oliboni, enviei um ofício com um conjunto de proposições ao Secretário Municipal da Indústria e Comércio fazendo com que ele fosse alertado da pouca divulgação que há da nossa simpática Feira da Cidade Antiga, a qual tinha, no passado, um conjunto de atividades na área do artesanato, venda de produtos agroecológicos e a feira gastronômica étnica, de várias etnias, na curva da Av. Mauá, próximo à Usina do Gasômetro. Falta divulgação. É uma feira incrivelmente fantástica, onde encontramos as melhores comidas de várias nacionalidades, debaixo das árvores, das figueiras, é um ponto turístico que nós temos de divulgar. Então, nesse sentido, parece-me que a sua proposição vem a calhar. Portanto, eu me somo ao esforço de V. Ex.ª e penso que o nosso esforço vai no sentido de fazer com que Porto Alegre tenha essa diversidade e, a partir disso, poderemos dizer que isso é um atrativo turístico, é uma forma de participarmos. Eu, por exemplo, já levei pessoas a essa feira, como na feira do Bom Fim e a outras feiras.

Não estaríamos, aqui, debatendo um assunto surradíssimo desta Cidade e desta Câmara de Vereadores, que é a abertura do comércio aos finais de semana, mas precisamos exatamente ter as feiras de artesanato, gastronômicas, pois essas pessoas têm um outro modo de vida, têm um outro tipo de trabalho, que não é o de chegar às 7h da manhã, ou às 9h da manhã para abrir uma loja e fechar não sei que horas, no final da tarde ou no entrar da noite; ou como fazem os shopping centers, onde as pessoas trabalham até as 22h, e depois que fecham a loja não há o devido transporte para sua casa. Esse tipo de projeto, esse tipo de Cidade, esse tipo de discussão é que nos interessa. Esta é a Cidade real, aquela que nós já construímos e queremos construir cada vez mais daqui para frente. O resto, nós já sabemos a que serve e para quem serve.

Portanto, deixamos, aqui, registrada esta questão que considero de fundamental importância. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Zé Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ZÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dos quatro Projetos em Pauta no dia de hoje, eu destaco o Projeto do Ver. Aldacir Oliboni, que assegura espaço nas feiras-modelo para o artesanato. Por que eu destaco este Projeto? Porque ele tem tudo a ver com a discussão que estamos travando aqui: a questão de liberdade de comércio e a questão da essencialidade do comércio.

Não há como negar que essa é uma atividade essencial, e vou dizer por quê. E não há como negar que essa atividade tem tudo que ver com a questão da liberdade do comércio. Ela é essencial, porque nós sabemos que a atividade essencial em Porto Alegre está garantida. O que é atividade essencial, em matéria de atividade econômica? São os serviços ligados à saúde, são os serviços ligados ao transporte, coletivo ou individual, táxi, por exemplo, e são todas aquelas atividades que são instrumentos para propiciar o lazer para as pessoas nos fins de semana, nos feriados. Essas atividades, inquestionavelmente, estão abertas; sejam elas ligadas ao setor de serviços, sejam elas ligadas à questão do comércio. O artesanato se insere exatamente aí. O que propõe o Projeto do Ver. Aldacir Oliboni? Propõe uma intervenção do Poder Público, do poder estatal, do qual esta Câmara é parte integrante, o Legislativo Municipal é parte integrante, não para beneficiar os grandes, mas para garantir e ampliar a sobrevivência dos pequenos. E é uma atividade essencial, porque ela dialoga, sim, com o turismo, e dialoga, sim, com a questão de geração de renda. Ela não desloca renda de um outro setor, ela gera renda. Ao contrário dos shopping, que deslocam a renda dos pequenos para os grandes. Então, essa atividade é essencial à liberdade de comércio. Por quê? Porque não adianta nós falarmos em liberdade de comércio, matando os pequenos! Liberdade só tem sentido com alguém que esteja vivo! No momento em que nós destruirmos a pequena e média atividade, vai sobrar a liberdade dos grandes sobre o túmulo dos pequenos! E isso, convenhamos, não é liberdade! Isso é monopólio, é imposição da vontade do grande sobre o pequeno! É a liberdade do lobo de engolir o cordeiro! Então, este Projeto tem tudo a ver.

Não há necessidade de fazer pesquisas, alguns levantam essa tese das pesquisas. “Vamos fazer uma pesquisa para ver quem em Porto Alegre quer o comércio aberto.” Só que quem propõe essa pesquisa está propondo uma pesquisa no “método Pinochet”, aquelas pesquisas rapidinhas, sem debate, sem discussão com a sociedade sem o contraditório. E esquecem uma coisa, e eu desafio quem propõe essas pesquisas a agregar uma outra pesquisa junto, uma outra perguntinha: quem quer trabalhar aos domingos? E vamos cotejar as respostas, porque eu aposto que 90%... (Palmas.) daqueles, com exceção daqueles que sabem que têm de trabalhar aos domingos, como é o caso do Projeto do Ver. Aldacir Oliboni sobre artesanato, os demais vão dizer que querem o comércio aberto, mas não querem trabalhar aos domingos. Porque é muito fácil querer o comércio aberto, mas não querer trabalhar, querer que os outros trabalhem.

Uma outra questão, para os arautos da liberdade, para os arautos da defesa da sociedade, do consumidor, que querem, obviamente, como eu quero, que as atividades essenciais como o artesanato estejam abertas, é que esses não levantam uma vírgula sobre os bancos. Porque os bancos são o efeito orloff dos grandes shopping. Sabem aquela propaganda: “Eu sou você amanhã”? Pois os shopping querem ser amanhã o que são os bancos hoje: monopolizar o setor, depois que tiver matado toda a pequena atividade, aí estabelecer, quem sabe, uma regra de reduzir o tempo do consumidor, como os bancos funcionam hoje das 9 horas às 16 horas.

Nenhum dos arautos de que tem de abrir, escancarar, o comércio, defende a abertura dos bancos, por exemplo, com um pouco mais de horário para beneficiar o usuário. Não vejo ninguém defender... (Palmas.)

Não vejo ninguém defender, nem nesta Casa, nem na imprensa. Por quê? Será que as pessoas desta Cidade não estão interessadas em mais horário nos bancos? Será que não estão? Não, é porque os bancos são setores que hoje estão totalmente monopolizados e não há banqueiros em vila para eles concorrerem. Não há pequenos banqueiros, só há grandes banqueiros. Só o interesse do grande capital. E é nisso que querem transformar o comércio desta Cidade. Por isso, esse discurso da liberdade, na verdade, é defender a liberdade do “túmulo dos pequenos”, a liberdade para os grandes. A liberdade sobre o túmulo dos pequenos E isso não é liberdade. Isso é a liberdade apenas para os grandes engolirem os pequenos. É a liberdade para acabar com os empregos, porque nós sabemos que o maior gerador de emprego é a pequena e média iniciativa e não os grandes shopping. (Palmas.)

Então, os defensores do liberalismo vão ter que me dizer como vão garantir o sagrado direito da propriedade para o pequeno, se estão fazendo uma lei favorecendo os grandes para engolir os pequenos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos registrar a presença entre nós da Escola Estadual Araguaia, com duas turmas da terceira série, com cinqüenta e cinco alunos, conduzidos pelas Professoras Maria Elena Tubelo Oliveira e Marlene de Lemos Gomes. Essa visita faz parte da atividade do Projeto de Educação Política do Memorial da nossa Casa. Portanto, sejam bem-vindos, alunos e professores da Escola Estadual Araguaia.

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, devo-me restringir, conforme o Regimento, nesse período, a discutir exclusivamente assuntos relacionados com a Pauta. O Projeto que institui a liberdade do comércio em Porto Alegre está na Ordem do Dia e não na Pauta. Para não infringir o Regimento, deixo de afirmar, mais uma vez, a minha posição favorável ao Projeto de Lei do Ver. Haroldo de Souza, e fico regimentalmente adstrito a temas que estão dentro da Pauta. E neles vejo de uma forma muito expressiva o Projeto de Lei do Ver. Dr. Goulart, que autoriza o Executivo Municipal, através da Secretaria Municipal da Saúde, a complementar o repasse da diária paga pelo Sistema Único de Saúde – SUS – ao Hospital Espírita de Porto Alegre. Este Projeto é de grande relevância, na medida em que todos nós sabemos a importância que tem na cidade de Porto Alegre o trabalho realizado pelo Hospital Espírita, e, de outro lado, as enormes dificuldades que aquela instituição vem sofrendo, vem sendo vítima, face às circunstâncias conhecidas de todos. Por isso, estou propondo ao Ver. Luiz Braz, meu companheiro de Bancada, que nós, em conjunto, assumamos um compromisso com o Ver. Humberto Goulart de pugnar pela aprovação do seu Projeto. Evidentemente que, ao fazê-lo, e V. Ex.ª, na última oportunidade em que me manifestei, não se encontrava presente no Plenário e não ouviu o que eu disse, vamos ter grandes dificuldades, porque nós, durante a votação do Código Municipal de Saúde, com uma Emenda de nossa autoria, pretendemos que o Município assuma uma postura complementar do SUS, complementando vários procedimentos, porque já cansamos de ouvir esse discurso de que o recurso do SUS é insuficiente, de que o pagamento dos procedimentos é irrisório e que nós apenas vivemos no discurso defendendo o SUS, que paga mal os médicos, os hospitais e que, por isso, vê dificultada a sua atuação e aumentada a crise da saúde pública na Cidade.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, vai ser uma honra poder estar ao lado de V. Ex.ª e do Ver. Humberto Goulart nessa luta que acredito ser extremamente justa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Fico grato, Vereador. Eu diria, Ver. Humberto Goulart, que temos de estar preparados, porque a reação que tivemos naquela ocasião certamente vai ser igual a que teremos este ano, porque vai ser sustentado, entre outras coisas, que V. Ex.ª não tem iniciativa nesse Projeto de Lei, como se V. Ex.ª não tivesse a condição de, previamente, autorizar que o Município fizesse uma coisa que nós, como casa política, esperamos que ele faça.

O que estamos dizendo aqui, o que V. Ex.ª diz, e no que queremos lhe apoiar, é que o Município deve apoiar o Hospital Espírita, porque ele tem uma situação muito peculiar, muito especial, e, se não for apoiado, não vai mais cumprir suas finalidades, ou o fará com enormes deficiências, e isso é ruim para a saúde pública da Cidade.

Ver. Humberto Goulart, o seu Projeto cumpre hoje o segundo dia de Pauta, deverá cumprir o terceiro dia; após, partir para os exames das Comissões. Queremos ser seu parceiro, e o Ver. Luiz Braz solidariza-se também, para acompanhar esse seu Projeto Comissão à Comissão, tramitação à tramitação, e para podermos, no final, trazer aqui ao Plenário e votarmos favoravelmente ao seu Projeto de Lei, que é bom, que demonstra a sua sensibilidade de médico e muito mais: a sua acuidade para cuidar de assuntos dessa ordem.

O Hospital Espírita é uma meritória entidade na área de serviços médicos e merece ser apoiado, receberá o nosso apoio tranqüilamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, quero aproveitar a oportunidade para cumprimentar todos os comerciários e comerciárias que estão aqui para lutar pelos seus direitos de terem um tratamento cada vez mais justo no seu desempenho junto ao comércio, para que os seus direitos sejam preservados, e podem ter a certeza de que nós seremos sempre parceiros nessa luta que os comerciários há tanto tempo desempenham, no sentido de conseguirem uma relação melhor com os patrões.

É apenas uma obrigação do orador cumprimentar, sempre, as pessoas que nos visitam.

Eu não posso deixar de falar no Projeto sobre o qual o meu companheiro de Partido, Ver. Reginaldo Pujol, falou aqui desta tribuna. O Ver. Reginaldo Pujol e eu, muitas vezes, estivemos juntos com os amigos que tentam manter o Hospital Espírita funcionando, e não apenas eu e o Ver. Reginaldo Pujol, mas vários Vereadores aqui desta Casa fazem com que aquelas pessoas que heroicamente tocam o Hospital Espírita possam receber força do Poder Público, no sentido de elas continuarem dando algum suporte para aquelas pessoas que sofrem problemas psiquiátricos.

Uma das explicações trazidas aqui pelos diretores do Hospital Espírita é que, nessa luta, que foi liderada por alguns setores da nossa sociedade, de liquidar com os hospitais psiquiátricos, cometeu-se realmente uma falha, porque, principalmente a camada mais pobre da nossa população, quando tem entre os seus familiares alguém que precisa de cuidados psiquiátricos, como os hospitais estão terminando e como, na verdade, na rede do SUS não se encontram os medicamentos básicos para manter essas pessoas com consciência total, o que acontece é que, nos surtos psiquiátricos, nos grandes surtos, essas pessoas não têm a quem recorrer, e, assim, resta em nossa Cidade e em nosso Estado apenas o Hospital Espírita para receber essas pessoas.

O Hospital Espírita vem-se tornando até pequeno diante da crise, por causa dessas modificações, dessas alterações, que foram realizadas com relação aos atendimentos aos doentes mentais.

Então, nós temos aqui, nesta Câmara Municipal, neste Município - e eu penso que em todo o nosso Estado e em todos os setores da sociedade - de dar ao Hospital Espírita tudo aquilo que for necessário para que eles possam continuar aquele trabalho. O trabalho que eles fazem hoje é um trabalho que realmente não tem substituto aqui no nosso Município e nem no nosso Estado. Por isso, esse Projeto do Ver. Dr. Goulart é um Projeto meritório; nós queremos acompanhar o Ver. Dr. Goulart nessa sua luta, até porque há muito tempo já vimos acompanhando o Hospital Espírita nessa sua trajetória de procurar, de alguma forma, dar suporte àquelas pessoas que têm doentes mentais em suas famílias, para que essas pessoas que sofrem desses problemas possam, cada dia mais, ser amparadas por uma instituição que tenha todas as condições necessárias para fazer frente a essas doenças.

Parabéns a meu amigo, Dr. Goulart, por este Projeto.

 

(Manifestações nas galerias.)

 

Olha, há alguém com doença mental que pode estar precisando do Hospital Espírita; e ainda bem que o Hospital Espírita está lá para atender essa pessoa. Ainda bem! Ele não fechou, e nós vamos fazer essa luta para que o Hospital não feche de forma nenhuma, não encerre as suas atividades, porque nós precisamos de um hospital como esse aberto para que todos possam se valer do seu trabalho. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, uma saudação especial ao Presidente da Junta Comercial, que prova que lá deve andar tudo muito bem, que o material não está acumulado, e que lhe sobra tanto tempo que ele vem tratar de assuntos que não dizem respeito à pasta que ele comanda lá, a entidade que ele comanda lá, e que o povo lhe paga, mas saúde e paz para ele.

Mas eu sempre reclamo das leis. A Lei Orgânica do Município diz que são dois os Poderes do Município: o Legislativo e o Executivo, independentes e harmônicos. Acho que não somos nem independentes e não recebemos de parte do Executivo o respeito devido. Não conseguimos fazer o nosso Orçamento, porque somos liderados pelo Executivo, que gosta de colocar o dinheiro no sistema financeiro e temos que nos subordinar, não tendo condições de fazer, por exemplo, a conclusão das obras deste prédio aqui. Mas o Prefeito sabe o que faz.

Agora, quando o Prefeito João Acir Verle assumiu a Prefeitura, como não houve pronunciamento das Lideranças, eu não tive oportunidade de dizer que eu tinha esperança de ver o Legislativo ser respeitado pelo Executivo. E, hoje, me felicito que não houve a oportunidade, porque senão me sentiria frustrado se tivesse dito, porque esperava que alguém que foi Vereador tivesse a sensibilidade de respeitar outro Poder, mas lá na Prefeitura as coisas estão acima das leis.

Tivemos aqui debates longos sobre a criação de seiscentos e setenta e dois cargos para a Saúde. Havia a necessidade, dizia o Executivo, de criação de vagas para chamar os concursados e fazer o atendimento à população. Nós acreditamos, alguns Vereadores mais céticos duvidaram de que o Executivo estivesse sendo sério e eu não os acompanhei. Mas hoje posso dizer: o Executivo não é sério, porque quando se comete um erro pela primeira vez, bom, foi a primeira vez, foi um erro; na segunda vez, já fico olhando atravessado e, na terceira, vou dizer que é safadeza mesmo!

Nós colocamos na Justiça o Sr. Raul Jorge Anglada Pont, que está respondendo processo pelas cartas-contrato, na forma de crime continuado. Vim a esta tribuna, avisei ao Prefeito - que abandonou a Cidade sem concluir o seu mandato, sem cuidar da Cidade -, avisei que iríamos fazer a mesma coisa, e ele continuou fazendo cartas-contrato.

Quando nós fizemos para o Sr. Raul Jorge Anglada Pont um Projeto de Lei criando os cargos, eles encheram os jornais de propaganda. Eu pensava que o Sr. João Acir Verle não o faria, porque tinha sido Vereador, respeitaria.

Criamos os cargos e, no dia 31 de maio, dezoito auxiliares de enfermagem por carta-contrato; dezesseis enfermeiros por carta-contrato; seis médicos por carta-contrato. Isso é falta de respeito! A terceira vez é safadeza! É claro que vou encaminhar ao Ministério Público, porque não se enquadra em lei nenhuma; só na lei do desrespeito, na lei da falta de responsabilidade, na lei que protege uns em detrimento de outros. Essas pessoas que pagaram para fazer concurso, por que não são chamadas, se nós criamos as vagas? O que eles estão esperando? Esperam que haja alguma coisa a mais por aí que a nossa vã filosofia não alcança?

Portanto, Prefeito João Acir Verle, V. Ex.ª me decepciona pela segunda vez, em tão pouco tempo! Eu espero que haja correção nisso aqui! Que os concursados sejam chamados. Não se entende lei que não seja cumprida, principalmente quando o Executivo pediu urgência. Não se entende!

Eu olho para a Bancada do PT – a maioria não está aí, mas está o Ver. Juarez Pinheiro, a Ver.ª Sofia Cavedon e o meu amigo Zé Valdir, que reclamou a sua presença. Eu reclamo para a Bancada, que lutou pela urgência e fez um belo trabalho, que faça alguma coisa para que a honra seja restabelecida, porque essa chamada por carta-contrato é safadeza! Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, quero, diante dessa decisão da Câmara Municipal de Porto Alegre, prestes a terminar uma parte da votação e iniciar outra, com a anuência do Ver. Isaac Ainhorn, Líder da Bancada, comunicar que o PDT - democrática e livremente, por meio do seu Diretório Metropolitano, consultadas as suas lideranças maiores - decidiu recomendar à Bancada que votasse pela recusa à abertura do comércio aos domingos.

Quero deixar claro que os Vereadores Ervino Besson e Dr. Goulart, antes mesmo de essa decisão ser tomada, já estavam anunciando a sua determinação e a sua vontade de votar com o Partido. Portanto, a nossa decisão foi aberta, democrática, amadurecida, sem nenhuma imposição, como chegou a cogitar-se em alguns meios de comunicação, sem constrangimentos para os nossos Parlamentares, porque cada Parlamentar, evidentemente, aqui foi eleito por uma parcela da população e a população nem sempre tem uma uniformidade de pensamento.

Foi formada também uma decisão em relação ao Líder da Bancada, Isaac Ainhorn, que tem, já ao longo de muitos anos, uma posição em relação à abertura do comércio, uma posição cristalizada, uma posição já completamente conscientizada de parte do Vereador, que, inclusive, apresentou nesta Câmara Projeto no sentido de que, mediante contrato de trabalho, fosse aberto o comércio aos domingos, o que, inclusive, foi aprovado.

Em suma, o Vereador tem uma história em relação à abertura do comércio, e o Partido considerou essa história do Ver. Isaac Ainhorn, o Vereador mais votado da Bancada, um Vereador de quatro mandatos, um Vereador de posições abertas e conhecidas da população. O Partido resolveu não constrangê-lo fechando a questão.

Então, o Vereador anuiu em que a sua posição fosse preservada e teve essa resposta do seu Partido. Mas, ressalvada a posição do Ver. Isaac Ainhorn, os outros Vereadores, junto com o Ver. João Bosco Vaz e este Vereador e o próprio Ver. José Fortunati, que, em caso de empate, desempatará a favor do Partido, com isso, nós tomamos uma posição que nos cálculos de correlação de forças, dá agora, nessa correlação, uma tomada de posição favorável à manutenção da Lei atual, que é, no nosso entendimento, majoritária, no Partido Democrático Trabalhista, diga-se de passagem, num Partido, como um todo, regional, avassaladoramente majoritária no Diretório Metropolitano, de que a Lei atual é conveniente; inconveniente seria mudar a Lei que dá autonomia através de convenção coletiva, que os sindicatos escolham e determinem quantos domingos é conveniente ou não abrir. Tanto que a Lei, que é de 92, até hoje, agora com dez anos, começou com dois, três, quatro domingos e, no ano passado, chegou a doze domingos, que abriram.

Portanto, o sindicato dos trabalhadores nunca foi inflexível, sempre flexibilizou e flexibilizaria mais se fosse necessário este ano, mas não foi procurado pelo SINDILOJAS. (Palmas.) Então, eu creio, respeitando as posições - evidentemente, o PDT respeita as posições de outras Bancadas -, entendemos que desregulamentar essa Lei é por todos os motivos absolutamente inconveniente.

Hoje, há uma boa entrevista que o Jornal do Comércio fez com os setores favoráveis e contrários à abertura do comércio; há uma frase sintética, emblemática e definitiva a respeito dessa situação, uma frase do empresário Alécio Ughini, quando se falou em liberdade de comércio: “É como colocar um coelho junto com um leão. Os dois são livres, que lutem.” (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Antônio Bernd está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. ANTÔNIO AUGUSTO BERND: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mais uma vez é uma honra estar nesta Câmara, na cadeira da Ver.ª Clênia Maranhão, que está participando do IV Congresso Nacional da Ethos de Responsabilidade Social em São Paulo. Naturalmente, ao vir a esta tribuna, lembro que há cerca de um ano a ocupei, por ocasião dos setenta anos de comemoração do Instituto de Previdência do Estado. Nós, naquela oportunidade, denunciávamos o descaso e a incompetência com que estava sendo encaminhada a administração daquele Instituto, e o risco que poderia surgir, em função dessa administração, no atendimento médico-hospitalar. Recentemente, tivemos vários movimentos que partiram do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, da Federação dos Hospitais Filantrópicos de Santas Casas do Rio Grande do Sul, de vários prestadores de serviços e manifestações públicas com referência a ameaças ao atendimento por parte do IPE aos conveniados do IPE, aos segurados do IPE, em decorrência de atrasos de pagamentos, que já ultrapassam oito meses. É realmente uma situação importante a ser trazida nesta tribuna da Câmara de Porto Alegre, porque o enfraquecimento do IPE, que dá assistência a aproximadamente um milhão de pessoas, 10% da população do Rio Grande do Sul, também atingirá os outros, que são 90% da população, em especial Porto Alegre, porque muitos dos hospitais do Estado e de Porto Alegre atendem pelo SUS, mesmo com as deficiências que determinam o SUS, como a baixa remuneração paga. Continuam a atender porque há um convênio com o IPE, que, pelo seu volume, representa muito para o custeio daqueles hospitais. No momento em que enfraquecermos o IPE e não houver o pagamento desses serviços, esses hospitais não terão mais condições de atender nem pelos SUS, e, portanto, fecharão suas portas. Por isso a responsabilidade do nosso pronunciamento.

O que está acontecendo no Estado? A incompetência deste Governo, que recebeu o Instituto de Previdência do Estado, em janeiro de 1999, com todos os prestadores de serviços pagos rigorosamente em dia, com as pensões de aproximadamente cinqüenta mil pensionistas pagas em dia, com os precatórios em dia, não havendo nenhum tipo de atraso e recebeu, inclusive, o Estado com dinheiro em caixa. Agora estão deixando o IPE numa situação de muita dificuldade. É que essa administração que está lá não teve a força e não tem a força de buscar os recursos que lhe são devidos por lei, pelo Tesouro do Estado, para assegurar o pagamento das pensões, e, em conseqüência disso, desvia os recursos da área da saúde, que é superavitária, para pagar pensões, e acaba nem resolvendo um problema e causando um outro ainda maior, que é levar a saúde a um caos verdadeiro no Rio Grande do Sul.

Com o enfraquecimento do IPE, serão prejudicados não só os servidores públicos e seus beneficiários, mas a população em geral, porque haverá, com certeza, um colapso na saúde do Rio Grande do Sul. Por isso, servidores públicos, prestadores de serviços, pensionistas, é o momento de mobilização ampla para que, no final deste Governo, mantenhamos firme o IPE, mas sobretudo deverá estar sempre presente na memória de todos nós que, em outubro, deveremos responsabilizar quem está administrando de forma incompetente esse nosso grande IPE, que já tem mais de setenta anos. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, o Partido da Frente Liberal tem, na sua filosofia, como princípio básico, a liberdade. E é por isso que, quando eu vejo o posicionamento, já de há muito tempo, do Ver. Reginaldo Pujol, com relação à abertura do comércio, eu dou total razão à conduta de S. Ex.ª, porque ele está flagrantemente defendendo as linhas partidárias. Mas, na última Sessão em que votávamos aqui a possibilidade ou não da abertura do comércio aos domingos, quase que no final da Sessão, eu fui surpreendido por uma decisão do Partido, que, naquele instante, me tolhia a liberdade de continuar empunhando uma bandeira que para mim foi extremamente importante, porque todas as bandeiras empunhadas por mim foram extremamente conscientes. Jamais trabalhei contra a minha consciência. Recebi, inclusive, alguns telefonemas do setor comerciário dizendo: “Vote no comerciário, que você vai ter o nosso voto.” Não acredito nisso, acredito é na minha consciência e voto naquilo em que eu acredito.

Desde o início, bem antes do que qualquer Vereador desta Casa, eu caminhava junto com o Barbosa, eu caminhava junto, depois, com a Ester, em relação às lutas do sábado inglês e, depois, também em relação à abertura do comércio aos domingos, que foi extremamente controvertida, com muitas discussões e debates nesta Casa, e sempre estive posicionado ao lado do Sindicato. Por isso me sentia, naquele instante, realmente constrangido e foi por isso que deixei o Plenário.

Mas acredito que muito mais importante do que o meu mandato é a minha consciência, e a minha consciência sempre ditará o meu passo seguinte. Por isso mesmo vou apelar para o sentimento de liberdade que o meu Partido tem como princípio e vou não afrontar as linhas do meu Partido, mas vou solicitar que o meu Partido me conceda essa liberdade, para que eu possa dar o meu voto de acordo com a minha consciência e de acordo com a minha trajetória nesses vinte anos em que estou nesta Casa. Talvez isso possa até custar o meu mandato, não sei, porque às vezes tomamos atitudes e essas atitudes vão ter conseqüências que só poderão ser pesadas após. Mas quero estar em paz, sempre, com a minha consciência, não posso dar um voto aqui e ficar arrependido pelo resto da minha vida. Portanto, faço um pedido pessoal ao grande Líder desse Partido, que é o Ver. Reginaldo Pujol, que, agora, está presente, para que libere, para que dê liberdade para que, dentro dos princípios do Partido da Frente Liberal, este Vereador possa ter liberdade para, hoje, exercitar o seu voto de acordo com a bandeira empunhada durante toda essa trajetória, para que não repitamos falhas, por exemplo, como as do Partido que está no Governo hoje, que muitas vezes faz os seus Vereadores pronunciarem um discurso e depois são obrigados a dar um voto diferente, como muitas vezes aconteceu aqui neste Plenário.

Eu acho que o nosso Partido, Ver. Reginaldo Pujol, se diferencia dos outros exatamente por causa dessa liberdade, que nós temos, de ação, dentro do nosso Partido, para podermos construir uma melhor sociedade.

Eu vou revelar aos senhores que eu não sou, pessoalmente, contrário à abertura do comércio; eu estou dentro dos princípios que norteiam o meu Partido, o Partido da Frente Liberal. Eu sou favorável, mas sou contrário a que o empregado do comércio fique à disposição do patrão para uma relação extremamente injusta e desproporcional. Não há como nós, aqui nesta Câmara Municipal, gerenciarmos por meio de uma legislação essa relação. Isso é possível talvez lá no Congresso Nacional, por meio de uma lei federal, porque lá se pode legislar sobre legislação trabalhista. Nós aqui não podemos, e, por causa disso, eu digo a todos os senhores, não afrontando o meu Líder, mas pedindo licença a ele e a meu Partido, que vou votar como sempre votei nessa questão: ao lado dos trabalhadores, junto com os comerciários. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do meu Partido, o PSDB, comunico a esta Casa que hoje o Ministério da Saúde repassou à Prefeitura de Porto Alegre 28,6 milhões de reais para cirurgias, internações e tratamentos médicos especializados. Portanto, esse é o registro do repasse de 28,6 milhões de reais para a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre.

Sr. Presidente, o Censo 2000 nos trouxe uma realidade que nos deixou perplexos, porque nós trabalhávamos com o dado de que 10% da população brasileira era constituída por pessoas portadoras de deficiência. O Censo nos revela um item ainda mais alarmante, embora sendo uma pesquisa por amostragem: 14,5% da população brasileira é constituída por pessoas portadoras de deficiência, portanto, mais de vinte e seis milhões de brasileiros.

O lema deste milênio, segundo o Ministério da Justiça e Governo Federal, é: igualdade de oportunidades, ou seja, resgatar os direitos das pessoas portadoras de deficiência.

Trago a esta Casa um relato de pais e mães, de crianças e adolescentes das escolas municipais especiais do Município de Porto Alegre. Trouxeram uma denúncia, primeiro, à tribuna da Casa, depois, à nossa Comissão de Direitos Humanos, que, em 1996, reuniu-se junto à Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores para reivindicar os seus direitos na área de atendimento à saúde, educação e assistência social, principalmente para crianças que apresentam problemas de desenvolvimento: os autistas e os psicóticos. A orientação que foi repassada a essas mães é a de que elas fossem fazer as suas solicitações junto ao Orçamento Participativo.

No segundo relato, vários fóruns de discussão foram feitos e, a partir dali, propostas e encaminhamento junto ao Orçamento Participativo.

Em 1997, votaram, e a plenária temática elegeu, como prioridade primeira, criar uma comunidade terapêutica para crianças e adolescentes autistas e psicóticos com transtornos graves. Em 1998, participaram de um grupo de trabalho instituído pelo Executivo Municipal e composto pela Secretaria Municipal de Saúde, a FASC e a Secretaria Municipal de Educação. Fui em inúmeras reuniões. Em 1998, eles conseguiram colocar na demanda hierarquizada da saúde, no Orçamento Participativo, como prioridade primeira: criar uma comunidade terapêutica para portadores de condutas atípicas e/ou pessoas portadoras de deficiência com comprometimentos emocionais.

Em 2001, criou-se um novo grupo de trabalho, que montou um projeto para a criação de um Centro Multidisciplinar. As explicações do Governo Municipal a essas mães e alunos é de que a verba para a criação desse Centro Multidisciplinar não foi contemplada, porque não foi para o livrinho do Orçamento Participativo.

Veja, Sr. Presidente, todo esse processo que levou essas mães e alunos, portadores de deficiência, a participarem, junto ao Orçamento Participativo, para pleitear um direito que é seu, garantido na Constituição Federal; além de verbas que o Município tem, como obrigação, de dispor para buscar a integração dessas pessoas. Levaram essas mães, iludidas, a participar da disputa nas plenárias do Orçamento Participativo. Disputaram, ganharam, colocaram como prioridade um, para que fosse construído esse Centro para o atendimento dessas crianças. E essas mães, esses pais, essas crianças foram iludidos, porque ganharam na temática do Orçamento Participativo. O Executivo Municipal constituiu um grupo de técnicos, envolveu a comunidade, chegaram a elaborar um projeto, Ver. João Antonio Dib, com verbas, com destinação orçamentária, com custo, mas que, segundo explicação do Sr. Prefeito, não foi colocado no livrinho do Orçamento Participativo.

No ano em que o lema diz: “Igualdade de oportunidades”, onde está a igualdade de oportunidades? Onde está o respeito empenhado pela Prefeitura Municipal com esses pais, com essas mães, com essas crianças que precisam que seja respeitada a sua igualdade? Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Raul Carrion, em nome do PC do B, está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, lideranças comerciárias; registro aqui a presença da Federação dos Comerciários do Rio Grande do Sul, do Sindicato dos Comerciários de Porto Alegre, do Sindicato dos Comerciários de Bento Gonçalves, do Sindicato dos Comerciários de Santa Maria, do Sindicato dos Comerciários de Canoas, do Sindicato dos Comerciários de Caxias do Sul, do Sindicato dos Comerciários de Novo Hamburgo, do Sindicato dos Comerciários de São Borja, do Sindicato dos Comerciários de Quaraí, do Sindicato dos Comerciários de Pelotas, do Sindicato dos Comerciários de São Gabriel, do Sindicato dos Comerciários de Ijuí, do Sindicato dos Comerciários de Viamão, do Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz, do Sindicato dos Comerciários de Farroupilha, do Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, e possivelmente de outros sindicatos do interior, que aqui estão, também, solidários com a categoria dos comerciários de Porto Alegre. Registro também a presença de representações importantes dos pequenos comerciantes, ou mesmo de médios e de grandes comerciantes que têm consciência clara do que significa o golpe que é para a categoria também dos comerciantes a abertura do comércio todos os domingos, todos os feriados e todos os feriadões.

Registro aqui a presença da CAPA, que é a Coordenação das Associações Empresariais dos Bairros de Porto Alegre; da ANA, Associação dos Comerciantes da Nova Azenha; dos comerciantes da Voluntários da Pátria e tantos outros. Quero iniciar esta intervenção lembrando as palavras de um pensador liberal da Revolução Francesa, Lacordaire, que disse o seguinte: “Entre o rico e o pobre, entre o forte e o fraco, é a lei que liberta e é a liberdade que escraviza.” (Palmas.)

Essas palavras têm tudo a ver com a discussão e com a votação que esta Casa, em breves minutos, irá travar. Na verdade, é a atual Lei que liberta, e é essa liberdade neoliberal, que deixa livre para abrir todos os domingos, todos os feriados e todos os feriadões, que escravizaria o trabalhador comerciário, principalmente a comerciária, que já tem uma dupla jornada de trabalho e que, ao ser obrigada a trabalhar no domingo, que é o único dia em que pode estar com seus filhos, com seu esposo, ter um divertimento, um lazer, ao ter a sua folga, talvez na terça, na quarta ou na quinta-feira, o seu esposo, os seus filhos estarão trabalhando ou estudando, e a ela só restará, quem sabe, dedicar-se aos afazeres domésticos no único dia que teria para estar com a família e para ter um pouco de descanso. Também o pequeno comerciante do bairro, o pequeno comerciante da vila sobrevive, inclusive, trabalhando aos domingos, porque pode trabalhar, pois a atual Lei permite que toda aquela loja e comércio operado diretamente pelo seu proprietário, sócio ou familiares pode abrir no domingo, ele também verá o seu negócio quebrar, porque não vai aumentar um centavo a venda. Quem tem dinheiro para comprar um sapato não vai comprar dois porque no domingo abre também; ele só tem poder aquisitivo para um sapato. Então, não aumentará a venda para ninguém; não aumentará o emprego. Ao contrário, diminuirá, porque, para cada emprego criado num shopping center, que é o único que será beneficiado, fecham 1,6 empregos no pequeno comércio.

Por tudo isso, a Bancada do PC do B, como já votou na quarta-feira, como já votou na madrugada da quinta-feira, quando, sorrateiramente, procurava-se golpear o direito dos trabalhadores, votará mais uma vez junto com os comerciários e com o conjunto dos trabalhadores.

Para encerrar, eu quero registrar a presença do Sindicato dos Comerciários de São Leopoldo e também parabenizar o PDT, que, nesta tarde, por intermédio do seu Presidente Municipal, trouxe aqui a posição tanto do diretório municipal, como do diretório estadual, cerrando fileiras junto aos trabalhadores, e essa é a única atitude que nós poderíamos esperar do Partido Democrático Trabalhista. Um grande abraço; encaminharemos no devido momento e concluiremos a nossa mensagem. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, antes da questão do comércio, quero-me pronunciar a respeito de dois temas que surgiram aqui na tribuna. O primeiro é a questão do IPE, relativa à prestação de serviços trazida aqui pelo Ver. Antônio Augusto Bernd. Ver. Antônio Augusto Bernd, essa questão já foi respondida e acordada com a direção do IPE, e nós assumimos até o compromisso de trazer cópia do acordo feito com os prestadores de serviço; está totalmente regular a relação entre o IPE e os prestadores de serviço. Houve um longo debate, houve um acordo que está sendo assinado; talvez neste momento, ou um pouquinho mais tarde, traremos a cópia e a deixaremos à disposição de todos os Vereadores e Vereadoras.

O segundo assunto é a questão da saúde, trazida pelo Ver. João Antonio Dib. Ver. João Antonio Dib, o Projeto aprovado aqui na Câmara saiu ontem daqui, já buscamos essa informação, está chegando na Prefeitura, o Prefeito o sancionará e chamará todos os cargos que foram aprovados por nós, Vereadores. Os que estão sendo contratados temporariamente estão na Lei n.º 7.770 – de que eu tenho cópia –, que, no seu art. 1.º diz o seguinte: “... para atender a necessidades temporárias de excepcional interesse público”. É com referência a esta Lei, a este artigo, que estão sendo chamados para a operação inverno, referente ao chamado Projeto Porto Alegre Respira Aliviada. Significa que, por este Projeto, dezoito unidades de saúde ficarão abertas até às 22 horas, excepcionalmente, por conta do inverno, como todo ano acontece. V. Ex.ª vai ver que é feita pela SMA essa seleção, de forma temporária, exatamente para cobrir o Projeto Operação Inverno Porto Alegre Respira Aliviada, e nada tem a ver... Quero tranqüilizar também todos os concursados, que serão chamados. Pelo Projeto aprovado aqui, são em torno de oitocentos cargos aprovados aqui pela Câmara de Vereadores. Foi enviado ontem, será sancionado pelo Prefeito e, imediatamente, os concursados serão chamados pelo Secretário de Saúde. Quero tranqüilizar, nesse sentido, é compromisso nosso, assumido publicamente da tribuna.

Nós teremos uma votação importante, aqui, Ver. Nereu D'Avila, sendo que essa votação não é a votação de um novo projeto, como já disse a Bancada do Partido dos Trabalhadores, nem sobre um tema que é um novo problema para Porto Alegre. Nós teremos aqui uma votação de um projeto que pretendia liberar, totalmente, o comércio aos domingos e derrubar a Lei que está em vigor, que entendemos ser a melhor Lei já composta por todos os partidos, porque a Lei que está em vigor agora não é uma Lei do PT, nem do Executivo, nem só da Câmara, nem só dos comerciários, nem só dos lojistas. Essa é uma Lei construída pela população, pelos Vereadores, pelo Executivo, depois de um longo debate, e aprovada aqui em 1992. Essa Lei prevê a abertura do comércio aos domingos, condicionada a uma negociação entre trabalhadores e patrões, que tem permitido a abertura em torno de doze a quatorze domingos por ano, o que dá, em média, um domingo por mês; com isso preserva a relação trabalhadores/patrões e com isso também preserva o pequeno e o médio comércio dos bairros, principalmente os que sobrevivem de vendas aos domingos, e deixa de concentrar as vendas nos grandes centros comerciais, que são os shopping centers.

Aqui não há a ilusão que querem vender para nós, como já tratamos aqui, de que a abertura do comércio aos domingos traria mais emprego; não traria maior número de empregos, porque exatamente há mais fechamentos nos bairros do que aberturas nos shopping. Também não aumentariam as vendas, porque justamente as pessoas deixam de comprar durante a semana, ou deixam de comprar Domingo, no seu bairro, para comprar nos grandes shopping. Obviamente, se nós fizermos pesquisas nos grandes shopping, poderemos ver que terá aumentado um pouco o número de empregos e o número de vendas, mas por um deslocamento de venda e por um deslocamento de posto de trabalho em número menor. A cada dois postos que fecham no bairro, abre apenas um nos grandes centros comerciais.

A Lei que temos hoje, Ver. Nereu D'Avila, é a que tem a síntese correta e o equilíbrio correto para o interesse de Porto Alegre. Ela permite a abertura do comércio aos domingos, garante o direito dos trabalhadores, e com isso também preserva o pequeno e o médio comerciante de Porto Alegre, que são - é importante registrar isso - responsáveis, quem sabe, por 60% da geração de emprego e renda na nossa Cidade. Nós também devemos defendê-los, preservá-los, além dos direitos dos trabalhadores, e com isso não impedimos, totalmente, a abertura dos grandes centros comerciais um domingo por mês, a partir de negociação direta com o Sindicato.

A Bancada do Partido dos Trabalhadores está solidária nessa luta, estará votando contra esse Projeto, pela manutenção da atual Lei, em defesa do pequeno e médio comerciante, em defesa dos direitos dos trabalhadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO

 

(continuação)

(encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1574/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados. Com Emendas nºs 01, 02 e 03.

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;

- em 29-05-02, foi aprovado o art. 1º do projeto, mantidas as expressões destacadas, rejeitado o art. 2º, e a votação do art. 3º foi declarada nula por falta de quórum.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Está-se realizando a entrega do PLL n.º 089/02, com a votação realizada no dia 29 de maio e como se dará o processo de votação no dia de hoje. Isso está sendo distribuído aos trinta e três Vereadores da Casa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para um esclarecimento. No nosso entendimento, se o artigo 4.º do Projeto vier a ser rejeitado, me parece que ficam prejudicadas as Emendas a ele dirigidas. Porque não se emendaria a alguma coisa inexistente.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Esta Presidência consulta a Diretoria Legislativa e já vai lhe dar o retorno da sua formulação.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Eu acho que é muito importante que sejam esclarecidos esses detalhes. Se o artigo 4.º foi destacado pelo Ver. Juarez Pinheiro, uma vez ele rejeitado, todas as emendas a ele dirigidas ficam prejudicadas, é o nosso entendimento. (Pausa.) Eu quero até, com o socorro do Ver. Juarez Pinheiro, esclarecer que as Emendas que são dirigidas ao art. 4.º é que foram objeto de destaque, mas, se ele for rejeitado, as Emendas não terão sentido de serem votadas, porque dariam nova redação a algo que já teria, no caso, sido rejeitado.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vamos suspender os trabalhos e gostaríamos que V. Ex.ª viesse até esta Presidência para darmos um bom andamento aos trabalhos.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 16h03min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia – às 16h15min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Antonio Hohlfeldt solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares na data de 05 de junho de 2001.

 

(Obs.: Foi aprovado o Requerimento de licença do Ver. Antonio Hohlfeldt, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

Queremos novamente informar aos Vereadores do processo da votação, Ver. Reginaldo Pujol. Votaremos primeiro o artigo 3.º do PLL n.º 089/02, e depois o artigo 4.°, que foi destacado pelo Ver. Juarez Pinheiro; depois a Emenda n.º 01 e depois a Emenda n.º 03. Essa será a ordem de votação.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós queremos colocar as nossas posições, independentemente do mérito da matéria, da impossibilidade da votação da Emenda n.º 01. Porque a Emenda n.º 01 dá redação ao artigo inexistente. A nosso juízo essa Emenda está prejudicada.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Conforme orientação da Procuradoria da Casa, o caput do texto diz: “dá nova redação”. E, se dá nova redação, o entendimento da Procuradora da Casa, que é o que esta Presidência vai seguir, nós vamos votar, e aí o Plenário é soberano para decidir se esse é o melhor entendimento.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, apenas para que se registre nos Anais, podemos dar nova redação a algo que existe, não podemos dar nova redação a algo que não existe.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu também quero colocar a minha posição. Eu só posso substituir se existe, se não existe, eu não tenho o que substituir. O artigo já foi derrubado, não há o que votar.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vereador, esta Presidência continua com a mesma posição: seguindo orientação da Procuradoria da Casa, vai colocar em votação, e o Plenário, soberanamente, saberá qual o melhor estilo da votação. Consultamos novamente se todos os Vereadores estão cientes do processo da votação.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ciente, mas contrário.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Vereador, na oportunidade V. Ex.ª poderá votar contrariamente.

Em votação o art. 3.º do PLL n.º 089/02, nominal, solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro. (Pausa.) (Após apuração nominal.) REJEITADO por 12 votos SIM, 16 votos NÃO, 02 ABSTENÇÕES. Total de trinta votos.

Em votação o art. 4.º do PLL n.º 089/02. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para encaminhar.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, prezados comerciários e comerciárias, proprietários de micro e pequenas empresas, em primeiro lugar quero dizer que falo em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores - inclusive definimos por sorteio quem encaminharia - e gostaria de deixar muito claro que esta Bancada desde sempre esteve unida em bloco e muito firme, contrária à desregulamentação da abertura do comércio aos domingos. E esse artigo, que é o artigo que revoga a atual lei, Lei 7.109, de 3 de julho de 92, é um artigo com o qual não concordamos, porque essa Lei é fruto de inúmeras negociações, de muita mobilização, de muita luta, e é a lei possível, negociada, consensuada por esse processo longo e democrático de debate desse tema nesta Cidade. Muitas vezes esta Casa enfrentou essa questão, muitas vezes os comerciários se mobilizaram, muitas vezes os pequenos, médios e micro empresários se mobilizaram e trouxeram esse rico debate, buscaram que esse debate tivesse as diferentes vozes aqui dentro. E essa Lei é resultado disso. E não podia ser diferente, é uma lei que contempla as diferentes necessidades, os diferentes argumentos para que a abertura do comércio aos domingos se dê. É uma lei moderna, na nossa opinião, é uma lei socialmente justa, porque coloca como condição à abertura do comércio a negociação, o acordo entre os representantes dos empregados do comércio e o sindicato patronal. Portanto, revogar essa Lei é, sim, querer voltar aos tempos remotos; é, sim, querer estabelecer a barbárie, a superexploração, nenhum espaço de negociação e discussão de quem terá de sustentar e abrir o comércio aos domingos.

Somos contrários, portanto, a esse artigo, porque também não acreditamos nos argumentos que nos trazem para a livre abertura do comércio. Quando dizem que isso vai estimular o turismo, não acreditamos, porque sabemos que o que faz o turismo numa cidade é a sua produção cultural, é a possibilidade de desfrutar do meio ambiente, de experimentar e viver a cultura local, de viver espaços, como é viver o espaço emblemático da Redenção, onde tem comércio sim, mas como uma conseqüência da vida cultural da Cidade. Nós sabemos que não gera emprego e também renda, porque o comércio aos domingos beneficia, aqui em Porto Alegre, e em muitos lugares, os proprietários de shopping centers, as grandes fortunas, o grande capital, por ter o poder de puxar para o comércio o cidadão que vai no cinema, que vai à praça de alimentação. É lá no shopping que vai ter o comércio, se tiver aos domingos e finais de semana. Isso prejudica fatalmente o nosso comércio de rua, o nosso pequeno comércio, o que dá vida aos bairros, o comércio que gera empregos e que assume os encargos sociais. O grande capital, o grande comércio, ao terceirizar, foge dos encargos sociais, pois não tem compromisso social algum, não tem compromisso com pátria alguma, pois se retira a hora que quer, pois vem aqui, usurpa e retira-se. Por detrás dessa discussão da abertura do comércio aos domingos nós sabemos que está um debate ideológico do como acreditamos que deva ser uma economia para a vida, para a felicidade, para a saúde, para a inclusão de todos.

Por isso a nossa Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores é completamente contrária à revogação dessa Lei, que é fruto da luta e da conquista de quem quer ver uma cidade com saúde, com dignidade para todos, dando o direito de homens e mulheres terem a sua folga, a sua vida em família, ou então ter o seu espaço para negociar, que é tão precioso e que lhe dá o seu sustento. Não ao comércio desregulado aos domingos e feriados. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Passo a Presidência dos trabalhos ao Ver. José Fortunati.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, na segunda-feira eu dizia que Vereadores com discursos vazios fazem dos comerciários platéia e palco.

Acho que por não conhecerem o Legislativo, os comerciários não sabem o quanto estão sendo desconsiderados. Nós ouvimos, repetitivamente, aqui, discursos que não acrescentaram nada ao primeiro discurso que os Vereadores fizeram, mas continuam fazendo, porque têm platéia e palco.

Eu vi, com tristeza, na madrugada de quinta-feira, a Bancada aqui não dar quórum para votar o art. 3.º do Projeto de Lei. Bem, eu sou Vereador há mais tempo do que alguns – é claro -, mas todos eles teriam que saber o que eu sei. Mesmo que o artigo não fosse votado e o Projeto fosse à Comissão de Justiça, ele seria acrescido, porque toda a lei tem que ter isto: o Projeto entra em vigor na data da sua publicação. Agora, para fazer discurso para a platéia e palco, então, eles fizeram. Na sexta-feira não queriam votar. Na segunda-feira não votaram. Eu disse que hoje teria que ser votado, e nós sabíamos do resultado. Cada um dos comerciários que aí está sabe o resultado. Agora vêm aqui e agridem!

O Deputado Padre Roque, meu amigo - gosto muito dele; eu pedi um dia para ele rezar missa na Câmara e ele veio –, resolve agredir os Vereadores da minha Bancada. O Padre Roque esqueceu que o Pedro Américo Leal e eu somos católicos. Qual é o problema? Alguns homens têm convicções e outros fazem discursos. Quem acredita tem o direito. Vêm aqui e falam em escravizar, não sei o quê. O representante da Bancada do PC do B – Partido Comunista –, que é o que domina na China - lá eles trabalham sete dias na semana, não recebem comida, e prejudicam os comerciários aqui no Brasil quando vêm trazendo mercadorias confeccionadas nos navios, sem parar -, o Vereador Carrion não fala nisso; agora, quando o Vereador tem a sua convicção, qualquer um acha que, tendo palco e platéia, deve usá-los. Não, os senhores têm que ser respeitados, os senhores devem saber, e sabem perfeitamente bem, que tem gente que pensa “sim” e gente que pensa “não”, mas, se tiver convicção, está tudo certo.

O problema neste País é a falta de seriedade, é a falta de responsabilidade. Por exemplo: estou olhando o meu Presidente da Junta Comercial. Eu estaria lá na Junta, não estaria aqui. Isso é responsabilidade, é saber o que tem que fazer, qual é a vinculação das coisas. Nós vamos lá, faremos discursos, mas não acrescentaremos nada; mas o palco e a platéia serão espezinhados, porque nós todos não queremos acreditar que os senhores têm inteligência, que os senhores sabem o que sofrem, sabem o que vivem; mas eles vão dizer aqui que na madrugada da quinta-feira foram surpreendidos. Mas, que diabos de surpresa é essa?! O que é que estavam fazendo neste Plenário? Recebendo dinheiro do povo para não trabalhar? Eles votaram, todos. Não há nenhum aqui capaz de dizer: “Eu votei contra.” Até eu, que sempre voto contra, deixei passar. Não conheço nenhum capaz de dizer que votou contra a votação na quarta-feira. Se tiver, levante-se, e eu sumo, desapareço. Que surpresa idiota é essa? Para agredir os outros Vereadores? Passaram aqui repetindo o mesmo discurso, chamando as entidades representadas. O que é isso meu Deus do Céu?! Quero respeito aos senhores, muito respeito, porque os senhores merecem, trabalham. Agora, aqui, parece que alguns querem ganhar dinheiro em cima dos senhores, usando os senhores. Vocês não merecem isso. Vocês têm direito a muito mais atenção, têm direito a que procurem solucionar os seus problemas, a que o País viva melhor, a que a Cidade seja melhor, mas, parece que não temos essa preocupação. É preciso fazer discursos repetitivos, aproveitar cada oportunidade, seja Pauta, Ordem do Dia, seja o que for, para usar o palco e a platéia, até para votar o que não precisa ser votado. E sabemos o resultado. Se tiver alguém aqui que não saiba o resultado levante a mão que eu vou ficar satisfeito também. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, não vou responder às agressões do Ver. João Antonio Dib, que hoje está num dia infeliz e talvez nervoso pelo resultado que terá a votação de hoje, porque as Bancadas que são contra a revogação da “Lei Áurea dos Balcões” resistiram na madrugada da quinta-feira, não deram quórum na sexta-feira, não votaram na segunda-feira, para que houvesse, no dia de hoje, uma posição madura desta Casa para derrotar aqueles que são, na verdade, defensores do capital. Nós nos orgulhamos de, naquela noite e naquela madrugada, termos feito dezenove pronunciamentos, já com a voz gasta, tanto que o Ver. João Antonio Dib dizia que talvez eu não resistisse. Resistimos, nós e a Bancada do PT, do PSB, e os companheiros dos outros partidos que estavam numa posição contrária.

Eu quero me ater ao conteúdo do que está sendo votado. O que está sendo votado? É a revogação da Lei n.º 7.109. O que a Lei n.º 7.109 assegura? Ela assegura todas as vinte e três situações que justificam o comércio abrir, podem abrir no domingo. Por exemplo: padarias, açougues, venda de combustível, rodoviárias, farmácias, etc. Então, a Lei n.º 7.109, que querem revogar, não impede aquelas situações necessárias para a coletividade; essa Lei também permite que todos os negócios que são operados pelos sócios, pelos familiares, possam abrir. E mais do que isso, a Lei n.º 7.109, que querem revogar, Ver. Antônio Augusto Bernd, assegura que o comércio em geral pode abrir no domingo, desde que haja a livre negociação, e nós não somos, por acaso, a favor da livre negociação? Claro que somos, Ver. Pedro Américo Leal! Então, é preciso que haja um entendimento entre o Sindicato dos Comerciários, Sindicato dos Lojistas e aí pode abrir. Tanto é assim, como já foi dito aqui, que no último ano, com exceção deste, chegaram a negociar a abertura doze vezes, em todas as situações necessárias.

Então, a Lei n.º 7.109 é um equilíbrio a que a cidade de Porto Alegre, depois de uma longa negociação, conseguiu chegar, e vinha sendo aplicada com todas as condições, resolvendo a questão de deixar aos comerciários a possibilidade de negociar aquelas situações válidas e dispensando as demais.

Por que se quer revogar a Lei n.º 7.109? É que, com essa Lei, quando abre o comércio, o comerciário tem um abono de 26 reais; quando negociam, eles conseguem, para cada três domingos que trabalham, outra folga suplementar; por meio da negociação, vinham conseguindo vale-refeição; por meio da negociação, vinham conseguindo vale-transporte. Então, na verdade, ao revogar a Lei n.º 7.109, se estará retirando do comerciário essas pequenas conquistas históricas. Não se está, simplesmente, Ver. Beto Moesch, revogando a Lei, mas tirando os 26 reais de abono, tirando o vale-refeição, o vale-transporte, a folga a cada três domingos trabalhados e está-se tirando, inclusive, que, em relação àquela outra folga legal que deveriam ter, sejam negociados os dias em comum acordo. Ou seja, quer-se impor a revogação de uma lei que, na verdade, o seu espírito foi em 1884, quatro anos antes da escravidão, quando se decidiu, em Porto Alegre, o fechamento das portas aos domingos, e essa lei foi a “Lei Áurea do Balcão”.

Por isso, o encaminhamento da Bancada do PC do B, no conteúdo, no mérito, é contrário à revogação de uma lei e ao retorno a um período anterior à escravidão. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para encaminhar o art. 4º do PLL n.º 089/02. Desiste. O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o art. 4º ao PLL n.º 089/02.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, a minha palavra de respeito a todos aqueles que, pelas suas razões, se encontram envolvidos nesse processo.

Nós estamos, evidentemente, reiterando a posição, que é uma posição partidária, com a qual nós concordamos integralmente, numa postura que nos criou algumas dificuldades, porque, inclusive, envolve uma divergência interna do nosso companheiro, Ver. Luiz Braz, que nos pede para liberar a sua posição na votação do dia de hoje.

Eu quero dizer ao Ver. Luiz Braz que o seu voto não lhe ocasionará a expulsão do PFL; que o seu voto não lhe vai ocasionar a cassação do mandato. Eu não posso dizer a V. Ex.ª que vai receber o aplauso do nosso Partido, porque, evidentemente, V. Ex.ª não estará de acordo com a linha partidária estabelecida de uma forma muito ampla e declarada de público. É programática essa posição, é compromisso assumido, tranqüilamente, com a opinião pública, quando da campanha eleitoral do nosso Presidente Dep. Germano Bonow, o único candidato a Prefeito que, sem subterfúgio, assumiu com clareza essa posição.

Nós, pessoalmente, mantemos a posição. Percebemos, não há como deixar de perceber, que existe uma tendência do Plenário no sentido de derrotar essa proposta nossa, que fazia parte do Projeto, em parte aprovado pela Casa, e que, agora, começa a ser desfeito com as decisões que a Casa tem tomado.

Nós entendemos que essa lei deva ser derrogada. Se não entendêssemos assim, não teríamos apresentado o Projeto de Lei, seria uma incoerência nossa ter apoiado um projeto que afirma a liberdade de comércio e, ao mesmo tempo, manter o texto de uma lei que veda a liberdade de comércio, que concede exceções e o faz em função de um regramento do qual nós discordamos, porque nós não queremos transferir a decisão de se o comércio deve ou não abrir aos domingos em Porto Alegre para fora do âmbito da Câmara Municipal, que é o órgão competente para se decidir. Nós não queremos abrir mão dessa competência. Quem quiser abrir mão desta competência que o faça. Eu, pessoalmente, sustento a competência da Câmara Municipal, porque assim determina a lei. Assim determina a lei. Quando se dá competência aos Municípios para legislarem para essa matéria, se diz quem deve legislar. Eu só conheço um órgão que pode, em nível municipal, legislar, e esse é a Câmara Municipal, que é a representação de todo o conjunto da sociedade porto-alegrense. Aqui, todos nós, durante esses dias, fomos, não constrangidos, mas cooptados, ou tentaram nos cooptar para posições diversificadas.

Eu recebi manifestações de contrariedade à nossa posição; recebi manifestação de apreço, de apoio, e de solidariedade à nossa posição, Ver. Luiz Braz, nem por isso eu mudo a minha posição. Eu sou daqueles que entendem, que, diferentemente do que se afirma, a população de Porto Alegre, na sua grande maioria, apoia a nossa posição, com todo o respeito daqueles que divergem da nossa posição, e que hoje estão em grande maioria aqui nesta Casa. Aliás, o Sindicato dos Comerciários, os seus aliados da Cidade, do interior, enfim, aqueles que estão com eles aqui, têm todo o direito de estar aqui. Eles estão pugnando para alguma coisas que é importante para eles. E eles têm o direito de estar aqui. Eu divirjo deles, mas respeito suas posições. Pessoalmente, nunca enganei ninguém; politicamente nunca enganei ninguém. Coloquei na minha propaganda eleitoral que eu era a favor da liberdade de comércio. Não enganei ninguém. Jamais vou enganar ninguém. Não digo uma coisa uma hora, para alguns ouvidos, e outra, para outros ouvidos. A minha postura é linear. É dentro daquilo que são as minhas convicções. Eu penso que a cidade de Porto Alegre, que a comunidade de Porto Alegre, que a sociedade de Porto Alegre, que o consumidor porto-alegrense perde com a manutenção dessa lei que nós queremos ver revogada. Mas respeito aqueles que se opõem, especialmente aqueles que vão decidir. Decidam com as posições de V. Ex.ªs, com a consciência de V. Ex.ªs, com a convicção de V. Ex.ªs. A minha convicção é pela manutenção desse dispositivo do Projeto do Ver. Haroldo de Souza, ao qual votarei favoravelmente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, comerciários aqui presentes, naquela última quarta-feira, há uma semana, fomos um daqueles Vereadores que, por meio de um dispositivo regimental, utilizaram-se, por várias vezes, desta tribuna. Isso porque, da maneira como foi votado, depreendeu-se que não se queria a votação. Lastimo que, hoje, as galerias estão tomadas por apenas um segmento. Gostaria de hoje ver os dois segmentos, ficando surpreso, porque o outro segmento, que é a favor, não compareceu. (Palmas.) Sempre faço questão de dizer que a dialética, o confronto se dá através das divergências, e é importante, sim, vivermos com o contraditório, os que são a favor e os que são contra, e saber respeitar a vontade da maioria dentro do espírito democrático. O Partido Socialista Brasileiro, por inúmeras vezes, manifestou-se contrário, portanto, entendemos que essa Lei n.º 7.109 deve continuar até que haja um acordo entre sindicato patronal e empregado para vislumbrar uma melhor possibilidade. Antecipo, também, que derrubaremos esse artigo 4.º e, depois, também vamos derrubar as Emendas n.º 1 e n.º 3, sendo que a Emenda n.º 3, que é de nossa autoria, ficará prejudicada. Colocou-se essa Emenda por uma necessidade, porque, ao se perder no Projeto, ganharíamos, pelo menos, um benefício, que seria um acréscimo de 20% de mão-de-obra aos domingos. Como a tendência é clara de que o Projeto será derrotado, não existe razão para essa Emenda.

O importante é que hoje os trabalhadores do comércio, no final da tarde, talvez início da noite, poderão retornar a seus lares, abraçar suas esposas, seus maridos e dizerem que ganharam essa luta. Mas fiquem atentos, porque não tenho dúvidas de que novos investimentos serão feitos para que, cada vez mais, haja pressão para a abertura do comércio aos domingos. Mas quero dizer que os senhores e as senhoras fiquem mobilizados.

Eu também disse que Porto Alegre é o parâmetro para o Estado, e hoje, aqui, comparecem os Sindicatos dos Comerciários de todo o Estado, mostrando que essa luta sindical é uma luta de todos os trabalhadores, mas dos trabalhadores que querem remuneração justa, que querem ter a possibilidade de diálogo, e, como isso não ocorreu, que mantenhamos toda essa situação: não à abertura no domingo sob as condições propostas pelos empregadores. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 89/02.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta tarde de platéia lotada por comerciários, a tônica dos discursos tem sido aquela velha colocação marxista de que o mundo se dividiria em patrões e empregados, em capital e trabalho. Na verdade, o mundo evoluiu, e essa tendência das esquerdas radicais e do populismo demagógico esquece que estamos tratando de um assunto que não é só dos comerciários; é um assunto que gera essa discussão por interesses de comerciários e sindicato patronal: o Sindicato dos Comerciários não querendo a abertura do comércio aos domingos e feriados e o sindicato patronal querendo a abertura do comércio. São posições antagônicas, quando, na verdade, quem deveria estar opinando aqui também seriam os desempregados da cidade de Porto Alegre, já que o trabalho aos domingos e feriados proporcionaria um número maior de empregos, quando assola o mundo, e o nosso País especialmente, uma grave crise de desemprego. Quem deveria estar aqui opinando é a população consumidora de Porto Alegre, que é um outro segmento que não teve o direito de opinar. Claramente, em um maior número de capitais brasileiras e cidades no mundo inteiro é livre o comércio aos domingos e feriados. Especialmente temos um segmento na cidade de Porto Alegre a que a Administração do Partido dos Trabalhadores há quatorze anos fecha os olhos, faz que não vê: a beleza desta Cidade, a atração que esta Cidade exerce sobre o povo brasileiro e estrangeiro, que é uma coisa chamada turismo. Cada emprego fixo na área de turismo gera quatro a cinco empregos, todos derivados desse emprego inicial. Pois é isso que estamos discutindo, por isso a Bancada do PSDB, certamente pensando no todo, pensando na população, pensando no turismo, pensando num passo adiante, pensando sem a tacanha posição de que o mundo é dividido apenas em duas classes sociais, que hoje é multifragmentário e há um pensamento voltado para os interesses de todos e não somente de um segmento social, é por isso que o PSDB, hoje, se posiciona a favor do trabalho aos domingos, mesmo sabendo que vai ser derrotado, mesmo sabendo que os números já estão postos, mesmo sabendo que já há um acordo, pois esta votação será por esses argumentos, argumentos ponderáveis, sérios, certamente teriam, a soma deles, hoje, um peso total de um voto a favor do comércio aos domingos, até porque inúmeras outras categorias profissionais trabalham aos domingos e isso não é demérito, ao contrário, isso deve ser produto de um acordo, e hoje ninguém mais faz com que haja aquele produto do antigo capitalismo inicial e selvagem, para saber-se, hoje, que existe uma tendência de um acordo entre patrões e empregados, uma convivência civilizada entre patrões e empregados, e é isso que deve ser defendido e estimulado, e não apenas a posição de um segmento num processo evidentemente arranjado.

Nós sabemos que iremos perder, mas votaremos “sim” ao comércio nos domingos. Muito obrigado.

(Vaias nas galerias.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antônio Augusto Bernd está com a palavra para encaminhar o art. 4.º do PLL n.º 089/02.

 

O SR. ANTÔNIO AUGUSTO BERND: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores e sindicalistas aqui presentes. Na votação anterior, colocamo-nos numa posição de abstenção, não que seja essa a nossa posição, aliás, em nível pessoal, como sindicalista ou como Vereador, jamais tive uma posição de abstenção, não fazendo parte do nosso currículo não assumir posições. Mas, como não havia previsão de encaminhamento àquela votação, naturalmente fica difícil a justificativa, seja lá o voto que nós encaminharíamos, por isso, a nossa abstenção. Mas, agora, com esta oportunidade, vamos encaminhar o nosso voto para a próxima votação.

Nós temos de avaliar três posições: a posição em nível pessoal, a posição como sindicalista e a posição como Vereador, hoje. Em nível pessoal, como cidadão, o meu sentimento sempre foi no sentido de que seria melhor para a sociedade e para o conjunto dos trabalhadores a abertura do comércio aos domingos e aos feriados. Faço parte do contexto da maioria expressa nas pesquisas que estão aí divulgadas, os 60, 70% da população em favor da abertura do comércio. Várias manifestações nesse sentido vieram ao gabinete da Ver.ª Clênia Maranhão, e-mail, fax, no sentido da abertura do comércio aos domingos e feriados. Como sindicalista, é importantíssimo destacar que o sindicato deve defender os direitos dos trabalhadores, as melhores condições de trabalho, a dignidade salarial, a oportunidade, sim, de lazer com os seus familiares; essa é a posição do sindicato, sempre. Mas também é importante que o sindicato não seja refém de posições radicais em nível corporativo, porque quando nós esquecemos o que há em volta da sociedade, pecamos pelo radicalismo e acabamos prejudicando a imagem do sindicato, que passa a dar uma idéia de corporativismo. Por isso, como sindicalista, eu levo aqui esta mensagem ao conjunto dos sindicalistas: sempre observem bem as suas posições, sim, mas não visem apenas ao contexto da sua categoria, e sim ao conjunto da sociedade. Como Vereador, hoje, e tomando conhecimento da legislação e dos encaminhamentos que hoje são feitos no Plenário, nos últimos meses, por ocasião do encaminhamento do Projeto de Lei do Ver. Haroldo de Souza, nós nos deparamos, em primeiro lugar, com um Projeto de Lei muito singelo, pela complexidade da matéria. Não há nenhum tipo de menção àquilo que está aqui estabelecido na convenção coletiva de trabalho, que, aliás, está vigendo e vai até 31 de outubro de 2002. Como os Vereadores podem se manifestar contrários à decisão que há aqui, bilateral, das partes, do sentido do acordo? É fácil fazer aqui a demagogia do Partido do Governo do Estado do Rio Grande do Sul - do PT e do PC do B, e lá está sendo massacrado o funcionalismo público estadual com o maior arrocho da história da categoria - em defesa aqui dessas categorias, mas não observam a legislação que deve ser observada - que hoje é observada, mas que lá não é observada.

Por isso, meus amigos, colegas Vereadores, considerando esses aspectos aqui citados, considerando a complexidade da matéria, considerando a convenção coletiva de trabalho existente e em vigor, considerando a falta de previsão, no Projeto de Lei, de negociação entre os patrões e os trabalhadores, nós, do PPS, não manifestamos uma posição fechada, e nós, como Vereador, somos pela não aprovação do Projeto. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal, por solicitação do Ver Marcelo Danéris, o art. 4.º do PLL n.º 089/02, destacado pelo Ver. Juarez Pinheiro. (Após apuração nominal.) REJEITADO por 13 votos SIM, 19 votos NÃO.

Em votação nominal a Emenda n.º 01, de autoria do Ver. Fernando Záchia, ao PLL n.º 089/02.

Solicito às galerias que, por favor, façam silêncio para que possamos continuar a votação.

Solicito a liberação dos terminais para que possamos fazer a votação.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, quero manifestar a minha contrariedade, portanto, eu não vou votar a Emenda n.º 01 ao art. 2.º. O art. 2.º foi rejeitado, então não tem Emenda. Eu não vou votar.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu já votei “não”, mas eu quero me associar à manifestação do Ver. João Antonio Dib. Gostaria de retirar, também, o meu voto. Eu me abstenho de votar isso.

Essa votação, a meu juízo, não pode ser realizada, porque esse art. 2.º não existe mais. Não podemos dar uma redação para algo que não existe. Peço que meu voto seja retirado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente, veja V. Ex.ª que a Emenda é um acessório. Foi derrubado o principal, ela não se sustenta, nem materialmente, imagine juridicamente.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Elói Guimarães, esta Presidência vai decidir.

O Ver. João Antonio Dib tem toda a razão e esta Presidência, na verdade entende que o artigo 1.º dá exatamente a seguinte redação: “Emenda n.º 01 - dá nova redação ao art. 2.º do PLL n.º 089/02, como segue.” Na medida em que o art. 2.º foi rejeitado, naturalmente não existe como apensar-se, substituir-se o que foi rejeitado, por isso esta Presidência anula a presente votação.

Em votação a Emenda n.º 03 ao PLL n.º 089/02, de autoria dos Vereadores Carlos Alberto Garcia e Luiz Braz. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADA por 14 votos SIM,16 votos NÃO, 02 ABSTENÇÕES.

 Está rejeitada a Emenda n.º 03 e, conseqüentemente, também cai o destaque apresentado a essa Emenda.

Com essa votação, damos por encerrada a votação do PLL n.º 089/02, de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos e feriados.

 

DISCUSSÃO GERAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte)

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1962/00 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 006/00, de autoria da Ver.ª Helena Bonumá, que inclui parágrafo único no artigo 75 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. (matéria ECA/CMDCA)

 

Parecer:

- da Comissão Especial: Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- discussão geral nos termos do art. 130 do Regimento da CMPA;

- discutiram a matéria, em 25.02.02, os Vereadores H.Bonumá, J.A.Dib, S.Cavedon, E. Guimarães, M.Danéris, J.Pinheiro, L.Braz, E.Xavier;

- adiada a discussão por duas Sessões.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o PELO n.º 006/00. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir o PELO n.º 006/00, por cedência de tempo do Ver. Aldacir Oliboni.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de entrar no conteúdo de debate, queria aproveitar e parabenizar a valorosa luta de todos vocês, a resistência conosco na quarta-feira à noite, que foi fundamental para garantir o diálogo necessário para a discussão do Projeto que acabamos de votar.

O Projeto da Ver.ª Helena Bonumá estabelece que toda a matéria que diz respeito a políticas para criança e adolescente deverá ser encaminhado para um parecer do Conselho da Criança e do Adolescente da cidade de Porto Alegre, por esta Casa. Há necessidade de um parecer dessa ordem para subsidiar o processo legislativo, o processo de decisão, isso me parece muito pertinente.

O Conselho da Criança e do Adolescente é um dos conselhos mais representativos e de funcionamento mais sistemático da cidade de Porto Alegre. É um Conselho criado por lei, um Conselho que tem na sua composição uma representação da sociedade civil em número majoritário, uma representação minoritária do Governo Municipal; tem a representação de todas as entidades que atuam no atendimento à criança e ao adolescente, tem representação dos órgãos da Prefeitura, que têm políticas voltadas para as crianças e adolescentes. Na história de construção das políticas sociais, em Porto Alegre, esse Conselho tem uma relevância significativa. Se hoje, em dez anos de Administração Popular, nós comemoramos um aumento do percentual, no orçamento, em quatro vezes - orçamento que é voltado para políticas sociais - é porque temos uma atuação muito forte de pessoas, de entidades que atuam na área da criança e do adolescente.

Essa organização, que incide nas regiões do Orçamento Participativo, que incide na temática da assistência social, na temática da saúde, da educação, e que incide no Conselho do Orçamento, é uma atuação sedimentada e sacramentada no Conselho da Criança e do Adolescente. É por lá que passam os convênios para a creche comunitária, é por lá que passam os editais que direcionam toda a verba recolhida no FUNCRIANÇA - que é uma verba que apóia mais de trezentas entidades que atuam com crianças e adolescentes. Portanto, esta Câmara é muito pertinente ao abrir um diálogo, um espaço que garanta a fala, o parecer do Conselho da Criança e do Adolescente, para que este subsidie e oriente as decisões dos Vereadores sobre essa temática.

Nossa Câmara colabora na interlocução necessária com a sociedade civil para que cada vez mais possamos acertar nas decisões que tomamos aqui. Não precisamos ir buscar essa opinião isolada de uma ou outra pessoa que atua com as crianças e com os adolescentes, pois nós já temos um órgão que faz isso. Temos um órgão que reúne semanalmente sua diretoria, que se reúne, quinzenalmente, com todo o seu pleno e que produz políticas que fiscaliza as políticas públicas, que redirecionam o orçamento público da área de políticas sociais da área da criança e do adolescente. Então, esse órgão tem de ter, sim, aqui, um espaço para falar, um espaço para indicar a sua posição. E é essa a intenção do Projeto da Ver.ª Helena Bonumá. Eu espero, então, que esta Casa aprove este Projeto, dando um voto de confiança e demonstrando o quanto é comprometida com a democracia, com a participação popular, com a organização da sociedade civil, que acontece de forma tão rica e tão significativa na cidade de Porto Alegre. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra para discutir o PELO n.º 006/00.

 

A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, o Projeto, cuja discussão iniciamos agora, de autoria da minha companheira, Ver.ª Helena Bonumá, inclui parágrafo único no art. 75 da Lei Orgânica de Porto Alegre, referente à matéria do Estatuto da Criança e do Adolescente, dizendo que qualquer Projeto que for protocolado, encaminhado, nesta Casa, sobre a infância e a juventude na Cidade, deve ter o parecer desse importante órgão que é o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do Município de Porto Alegre.

Quero aqui lembrar que desde a Constituição Federal de 1988, e a partir da criação, em 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente, nós tivemos, no nosso País, um novo olhar sobre a infância e, além da infância, sobre a maneira como deveremos agir nas cidades, que é a criação dos conselhos, dos vários conselhos, dos diversos assuntos e segmentos. A partir dessa nova lógica, nós temos, em Porto Alegre, o Conselho Municipal do Idoso, o Conselho Municipal da Assistência Social e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. A partir dessa nova maneira de interagir no País e nas cidades, nasce, então, um novo hábito, um novo costume, eu diria, que é a representação através dos conselhos municipais.

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente em Porto Alegre foi implantado e implementado em 1991 - por aí -, e ele traz, na sua representação, as entidades governamentais e as entidades não-governamentais. Quais são elas? É constituído por vinte e uma entidades: sete do Executivo e quatorze das organizações não-governamentais. Organizações que são entidades de atendimento direto à criança e ao adolescente, como as creches comunitárias, como os atendimentos do SASE e do Extraclasse; e sete entidades de organizações não-governamentais de atendimento indireto, ou seja, Associação das Creches Comunitárias, Pastoral da Criança e do Adolescente, enfim, todas aquelas entidades que não fazem o atendimento direto na ponta, mas que estão, cotidianamente, discutindo a problemática da infância na nossa Cidade.

A proposta do Projeto da Ver.ª Helena Bonumá diz que nós temos de ouvir aquele segmento, aquela representação que é conhecedora do assunto. Então, esta Casa, com o maior respeito que se tem, temos de ter, também, o respeito com as instituições, com aqueles que, efetivamente, discutem, conhecem o cotidiano da problemática da infância e da juventude no Município de Porto Alegre. Esse Projeto é extremamente importante, extremamente interessante.

No ano passado nós já protocolávamos aqui que houvesse uma Comissão Permanente nesta Casa discutindo a problemática da infância e da juventude no Município de Porto Alegre. Infelizmente, por questões estruturais, enfim, nós ainda não conseguimos efetivá-la na prática. Portanto, esse Projeto veio dizer da importância de se ouvir quem efetivamente conhece a problemática na cidade de Porto Alegre. Nós queremos louvar essa iniciativa da Ver.ª Helena Bonumá, porque o Conselho Municipal é um espaço de fala, de posicionamento e de clareza. Cabe a nós, então, Vereadores e Vereadoras desta Casa, respeitar esse espaço de entendimento e ouvir as posições desse Conselho, principalmente sobre um assunto de extrema importância, haja vista as diversas denúncias que vêm acontecendo sobre os mais diversos problemas, como a questão dos meninos de rua da cidade de Porto Alegre. Por que não ouvir, então, o Conselho Municipal dos Diretos da Criança e do Adolescente sobre os projetos referentes a essa área? Acho que faríamos e teríamos um grande gesto nosso em aprovar esse Projeto nesta Casa. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir o PELO n.º 006/00.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, a Vereadora do Partido dos Trabalhadores que nos antecedeu, a primeira Vereadora a falar, a Ver.ª Sofia Cavedon, chegou a se engasgar e a tossir quando disse que aumentou em quatro vezes o investimento na área social. Ela só não disse que esse aumento quatro vezes maior é produto de verbas federais encaminhadas à cidade de Porto Alegre. Ela só não disse o que falou o Juiz de Menores de Porto Alegre, aqui nesta tribuna, quando falou que 70% das creches de Porto Alegre são sustentadas por organizações não-governamentais e que as creches sob a responsabilidade do Poder Público Municipal tinham problemas de superpopulação, tinham problemas de promiscuidade e tinham problemas de deficiência de funcionários. Então, eu gostaria de convidar os nossos ouvintes, as pessoas que hoje nos dão a honra de comparecer a esta Câmara para fazerem uma pequena visita ao Campo da Tuca, onde, há quatorze anos não se investe um cruzeiro naquele bairro, onde as crianças estão misturadas com os animais, estão no meio da promiscuidade, estão no meio de uma pobreza infinita, insuportável, cuja visão, cuja constatação causa dor e constrangimento a qualquer pessoa que compareça às vilas da periferia de Porto Alegre; onde, inclusive, um grande número de crianças estão nas ruas - e estão aumentando os meninos de rua em Porto Alegre, desgraçadamente -, com verbas insuficientes por parte da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

É muito interessante a postura da Bancada do Partido dos Trabalhadores, porque muitas vezes não podemos aceitar que se analise dessa forma com aquele famoso cansaço da população de Porto Alegre com relação ao auto-elogio de que a Administração do Partido dos Trabalhadores está há tanto tempo no poder, e, de forma insuficiente, assustadora e avassaladora crescem os problemas sociais. Há um problema grave na área da saúde. Há problemas importantes na área da educação, há problemas importantes na área do saneamento básico, há problemas de favelização na cidade de Porto Alegre. E, casualmente, o social é o calcanhar-de-aquiles dessa Administração, onde o turismo é coisa para burguês, onde emprego não tem nada que ver com o Município, ou com o Estado agora, já que fizeram a mancada do século, mandando embora a Ford e querendo falar, aqui, em desemprego. Como decorrência direta disso, dessa visão estacionária do Partido dos Trabalhadores, dessa visão assembleísta, dessa visão popular demagógica faz com que as nossas crianças estejam relegadas a um plano secundário.

O Juiz de Menores de Porto Alegre esteve neste Plenário denunciando a barbaridade que se faz com os menores na cidade de Porto Alegre, nas nossas creches, com a educação pré-escolar de Porto Alegre - alguns dos problemas graves que não estão sendo analisados, nesta Casa, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.

O problema da pré-escola, em Porto Alegre, atinge níveis muito preocupantes, Ver. João Antonio Dib. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Maristela Maffei está com a palavra para discutir o PELO n.º 006/00.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, hoje, nós tivemos a Casa cheia. De fato, a Casa do Povo nos leva a fazer profundas reflexões. E esse tema, após essa grande vitória que tivemos, que a nossa cidade de Porto Alegre teve, a comunidade comerciária, as mulheres, os homens desta Cidade tiveram, foi fantástica, na luta pela vida de todos.

E eu gostaria de dizer, Ver. Cláudio Sebenelo, só para dar uma corrigida, acho que V. Ex.ª está um pouco desatualizado, o termo “menor” não é mais usado no tratamento da criança. O termo usado é “criança e adolescente”. O termo “menor” era usado na época, principalmente, da ditadura militar, onde a concepção de “menor” era considerada um caso de polícia. Tivemos, em 1989, assinado no nosso País, o ECA, que trata de todas essas relações que dizem respeito à criança e ao adolescente, onde a criança é tratada com igualdade e como fruto de uma conseqüência social. E falando em fruto de conseqüência social, eu gostaria também aqui, antes de me ater ao Projeto, de convidar os Vereadores e Vereadoras, as senhoras e os senhores que nos assistem, para conhecer alguns dos trabalhos da nossa Cidade, inclusive, no Campo da Tuca, um trabalho que é realizado. E ali, é bem verdade, senhoras e senhores, também é fruto de um sistema que, principalmente, o Partido do Ver. Cláudio Sebenelo, que é o Partido do Presidente Fernando Henrique Cardoso, é fruto justamente dessa política maléfica, que destrói a concepção de vida, que criminaliza e que faz a inversão.

Vamos discutir aqui, Ver. Pedro Américo Leal, o contexto básico, filosófico do que é a pobreza e do que é pobre. O empobrecido sofre a conseqüência, existe uma indústria internacional e os servis do nosso País que levam a maioria da população a passar por um empobrecimento. Era o que ia acontecer aqui se aprovássemos esse Projeto do comércio, por exemplo; onde nós íamos fazer a verdadeira escravidão daquilo que já está estabelecido, dessas pessoas que já trabalham e trazem um trabalho tão honroso para a nossa população.

Portanto, é necessário que se coloque isso, porque, daqui a pouco, as pessoas que moram nas vilas vão passar a ser os marginais, os bandidos. E aqueles que produzem a pobreza, a indústria do tóxico, a indústria da marginalização, as indústrias armamentistas, são os grandes santos, e os bandidos são aqueles que moram lá, que sofrem as conseqüências de tudo isso e ainda têm de pagar por esse pecado dessa ditadura do sistema capitalista. E dizer que este projeto não tira autonomia desta Casa, para dar seu parecer, para avaliar e para aprovar. Mas ele faz com que passe pelas entidades que têm um trabalho sério nessa área, que estabelecem essa relação direta com a sociedade, principalmente daqueles que são excluídos da sociedade, que no dia-a-dia têm um trabalho eficiente e sério sobre isso, e possam, sim, dar um parecer e vir aqui discutir conosco.

Para encerrar, eu gostaria de deixar registrado nesta Casa: existe os que vivem para as crianças e existe os que vivem das crianças. Existem aqueles que pegam criancinhas no colo apenas em época eleitoral, e aqueles que realmente têm um trabalho sério com a criança e o adolescente. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Ver. João Antonio Dib, só para uma constatação, V. Ex.ª já discutiu esta matéria em 25 de fevereiro.

O Ver. Pedro Américo Leal se inscreve para discutir o PELO n.º 006/00 e cede o seu tempo a V. Ex.ª

Queremos também registrar, para ficar nos Anais, que a Ver.ª Sofia Cavedon discutiu a matéria, mas o inscrito que cedeu o seu tempo foi o Ver. Aldacir Oliboni.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós sempre devemos estar muito atentos, porque de repente podemos ser surpreendidos. Há uma corrente do PT que tem sérias restrições ao Legislativo. E essa corrente pressiona o Legislativo de todas as maneiras possíveis. Hoje, por exemplo, os meus amigos da Vila Mathias Velho vieram aqui de ônibus, aplaudiram o que acontecia na Casa, e eu saúdo a todos eles e a cada um deles, para fazer uma pressãozinha. Mas agora a Ver.ª Helena Bonumá, Secretária do Governo, está fazendo uma pequena – porque nunca se começa com uma violenta pressão - pressão, uma cunha, vai empurrando um pouco mais e, de repente, as coisas acontecem. O que quer a Vereadora? Que, independente da autoria da iniciativa legislativa, sempre que a proposição versar sobre matéria afeta ao Estatuto da Criança e do Adolescente, após manifestações da Comissão de Constituição e Justiça, e antes das manifestações das demais Comissões, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente será solicitado a exarar parecer sobre o mérito do projeto, não se tornando impeditiva a sua tramitação. Claro que, se colocasse que era impedida a tramitação, não teria seqüência esse projeto. Então, colocamos primeiro a cunha e depois continuamos colocando mais e mais dificuldades para o andamento das coisas. Até porque a Lei Orgânica diz que Conselhos do Município têm funções deliberativas, e eu desconheço qualquer conselho, que não seja o conselho deliberativo do DMAE, do DEMHAB, do DMLU, que tenha função deliberativa. E mesmo esses, às vezes, não são respeitados nas suas deliberações, mesmo esses. Até a tarifa de água e esgoto que deveria ser votada hoje, e não será, o decreto que anula o decreto do Prefeito que abandonou a Cidade, teve uma votação empatada. O Diretor do DMAE devia-se colocar no seu lugar. Vamos reexaminar. Mas ele votou e desempatou. Quem está aumentando a tarifa é só o DMAE e não o conselho deliberativo. Foi o Diretor do DMAE e o Prefeito que abandonou a Cidade, com aumentos de até 1.096%. É muita coisa.

A Comissão de Justiça falou e vamos ouvir o que diz o Conselho. Não. Se o Legislador apresentou um projeto de lei, ele deve ter competência bastante para saber o que está fazendo. E é claro que se as outras Comissões entenderem que alguém deve ser ouvido, elas têm a liberdade de chamar. Agora, aqui está impositivo e eu não vou aceitar esse tipo de imposição. Esse é o primeiro passo para retirar o Legislativo do que lhe compete: o poder legislativo, que eles tentam diminuir com o orçamento diabólico, que é o Orçamento Participativo.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu acredito que V. Ex.ª tem razão. Pode ser consultado, porque não pode, absolutamente limitar o Poder Legislativo em uma obrigatoriedade de uma consulta que pode até demorar propositadamente. V. Ex.ª tem razão. V. Ex.ª mudou o meu voto.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sou grato a V. Ex.ª E, na realidade, esta Casa tem sido sempre muito atenta nas suas Comissões, chamando as pessoas que podem-nos ajudar a fazer melhores projetos. Claro que não vamos à Vila Mathias Velho, e eu saúdo os moradores de lá com aquele carinho, com aquele apreço que merecem. A todos saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de quórum para avaliar a continuidade dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Esta Presidência, visivelmente, constata que não existe quórum. Não havendo quórum, vamos encerrar a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h38min.)

 

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